As obras de arte indígenas, que foram alvo de vandalismo no mês passado em Embu das Artes, estarão na exposição Agosto Indígena, na galeria Colabirinto, em São Paulo, a partir deste sábado (17). Das 40 obras que estavam na Mostra M’Bai, no Centro Cultural Mestre de Assis, 30 foram danificadas. Não há pistas ainda sobre a autoria do ataque.
“A gente achou que seria ainda mais potente colocar as obras vandalizadas como forma de protesto e é muito importante ter essas obras no evento do Agosto Indígena, que surge a partir da provocação o ‘que é ser indígena’?”, explica a museóloga Barbara Xavier, integrante da gestão coletiva do Colabirinto.
Após pressão dos artistas, as obras vandalizadas foram liberadas pela Secretaria Municipal de Cultura nesta quarta-feira (14). Elas haviam sido recolhidas para servirem de provas criminais.
Alguns artistas prejudicados querem que os trabalhos sejam expostos como estão, quebrados e danificados, para servirem como espécie de ‘arte-protesto’. “Alguns desejam guardar, outros querem expor como estão e outros querem restaurar antes de expor. Cada um com sua cultura, tradição e conhecimento”, explicou a curadora da Mostra M’Bai, Margarith Foga.
Rosi Araújo, moradora de Cotia, estava na comissão organizadora da Mostra M’Bai este ano. Mesmo não concorrendo, ela levou algumas obras para a exposição. Dez foram vandalizadas.
“Agora é a hora da retomada e da resistência, de expor a arte como forma de luta e superação. Nosso povo e o público merecem. Levaremos [as obras] para denunciar, elas serão nossas falas e expressões, a nossa ressignificação”, explica Rosi, que foi vencedora da Mostra M’Bai no ano passado.
Para o artista Sérgio Matukawa, que também teve seus quadros danificados, o choque não foi só em relação ao vandalismo em si, mas também pelas consequências do ato. Segundo ele, houve descaso e tentativas de abafar o caso.
“Há problemas de segurança pública, pois o sistema de câmeras está aguardando licitação. Há uma guarita da PM que é questionada, há toda uma paúra de escândalos políticos por conta da fama do prefeito. Enfim, foi um período desgastante esse, desde o ocorrido até a liberação das obras danificadas”, critica.
Por sua vez, a Secretaria de Cultura de Embu afirmou que, além de ter registrado o Boletim de Ocorrência, abriu uma sindicância para apurar os responsáveis pelo vandalismo.
Por José Rossi Neto

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