Oficinas participativas impulsionam nova fase do Plano Diretor do Campus USP Butantã

Segunda etapa foca na formulação de propostas para os próximos dez anos, com oficinas abertas à comunidade acadêmica que acontecem a partir de 17 de setembro

Praça do Relógio – Foto: George Campos/USP Imagens

Neste mês de setembro, o campus da USP em São Paulo, no bairro do Butantã, dá mais um passo na construção de seu Plano Diretor Participativo. A iniciativa tem o objetivo de planejar o futuro da Cidade Universitária para os próximos dez anos. A segunda fase, que se concentra na formulação de propostas, envolve uma série de oficinas abertas à comunidade acadêmica e entorno. As atividades serão realizadas na Biblioteca Brasiliana entre os dias 17, 19 e 24 de setembro, com horários distribuídos ao longo do dia para contemplar a ampla gama de usuários da Cidade Universitária.

De acordo com o professor Ricardo Trindade, presidente do Conselho Gestor do Campus USP Butantã e integrante do Comitê Coordenador do Plano Diretor, “a primeira fase foi um diagnóstico, onde realizamos uma leitura crítica das contribuições da comunidade. A partir dessas sugestões e da identificação dos problemas, elaboramos um conjunto de propostas”. Ele reforça que a participação na nova etapa é essencial, já que “a resposta técnica foi dada, mas quem vai definir o melhor caminho é a própria comunidade universitária”.

Serão trabalhadas questões em cinco eixos principais — Caminhos e Encontros, Patrimônio Edificado e Áreas Verdes, Infraestrutura e Serviços, Parque Multiespécies e Paisagem Cultural, Campus e Cidade. Em cada um desses eixos, os participantes vão se deparar com uma série de questões — como o acesso ao campus, por exemplo. A partir daí proposições e possibilidades serão apresentadas, com seus prós e contras, e discutidas coletivamente. Para aqueles que não puderem comparecer presencialmente às oficinas, será disponibilizada uma consulta on-line entre os dias 16 e 25 de setembro.

Para garantir a ampla presença, os horários das oficinas foram estrategicamente espalhados ao longo do dia. “Teremos oficinas em três horários diferentes: das 14h às 16h30, das 9h30 às 12h e das 18h às 20h30, justamente para alcançar todos os públicos que frequentam o campus em horários distintos”, completa.

O professor Miguel Buzzar, superintendente da Superintendência do Espaço Físico (SEF) da USP, que também integra o Comitê Coordenador do Plano Diretor, destaca a relevância de um processo participativo robusto. “A importância dessa fase é garantir que o Plano Diretor reflita os desejos da comunidade, e não seja apenas uma peça técnica. Queremos capturar aspectos que vão além dessa leitura técnica, assegurando que o plano tenha maior qualidade e legitimidade perante toda a Universidade.”

Buzzar defende ainda que a participação ativa da comunidade é fundamental não só para a elaboração, mas também para a implementação do plano: “Sem o apoio e a compreensão da comunidade, a implementação do plano fica comprometida”.

O que foi a primeira fase?
A fase inicial do Plano Diretor Participativo foi realizada no primeiro semestre de 2024 e consistiu em uma série de oficinas presenciais e uma consulta pública on-line, voltadas para a leitura crítica e identificação de problemas e virtudes do campus. A consulta revelou uma série de questões que afetam a infraestrutura do campus, como baixa conectividade, infraestrutura inadequada para ciclistas, deficiências no transporte público e na segurança, além da falta de espaços adequados para alimentação e lazer.

O processo envolveu a participação de 341 pessoas em cinco oficinas presenciais, representando 0,49% da comunidade universitária. Já a consulta pública on-line contou com 994 respostas, correspondendo a 1,4% da comunidade. Esses números superaram as expectativas da coordenação e forneceram um panorama inicial das principais demandas e prioridades dos usuários do campus.

Entre as conclusões mais relevantes da leitura crítica, salienta-se a necessidade de ampliar o uso de energias limpas, de reduzir de emissões dos gases do efeito estufa e de integrar de forma mais efetiva as áreas verdes do campus com espaços de encontro e convivência, garantindo segurança e qualidade de vida. Além disso, foi observado que a atual infraestrutura é centrada no uso de automóveis, o que contrasta com a crescente demanda por alternativas mais sustentáveis e eficientes de transporte.

“O modelo rodoviarista e a dispersão das construções são exemplos de decisões que ainda influenciam o campus hoje”, lembrou a professora Raquel Rolnik, atual prefeita do Campus USP da Capital, na reportagem do Jornal da USP que introduziu o processo para a comunidade universitária.

Atualmente, o campus abriga cerca de 70.000 usuários, dos quais 62% utilizam transporte coletivo, sendo que 70% da população discente depende desse meio. Em contraste, a Cidade Universitária dispõe de 13.014 vagas de estacionamento, atendendo 23% dos usuários.

Em vista deste e de diversos outros desafios, a segunda fase do Plano Diretor Participativo pretende transformar os diagnósticos em soluções concretas que, com o aval da comunidade universitária, possam ser implementadas ao longo da próxima década. “Agora precisamos da validação da nossa comunidade para que essas soluções sejam ajustadas e realmente atendam às demandas apontadas”, finaliza Trindade.

Fonte: Jornal da USP

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