O plástico está em praticamente tudo. Nos utensílios que temos em casa, nas embalagens dos produtos que compramos em lojas e alimentos que estão em supermercados, no canudo do refrigerante, em acessórios, em aparelhos tecnológicos e muito mais. Mas se um dia ele já foi uma solução, agora se tornou um problema, e dos graves. Isso porque demora a se decompor e vai parar em lixões, aterros sanitários e, pior, nos oceanos. A consequência para a vida marinha, para o meio ambiente e para o bem-estar da humanidade é catastrófica. Os números são desanimadores: de acordo com o Greenpeace, cerca de 12,7 milhões de toneladas de plástico são despejadas nos oceanos por dia. Se essa situação continuar, em 2050 haverá nos mares mais plástico do que peixes.
Por estas razões, o grande tema em pauta é como substituir o plástico, que de mocinho virou vilão do meio ambiente. Mas a boa notícia é que muitas iniciativas já vem sendo desenvolvidas e, principalmente, dando certo. Com isso, muito em breve o plástico poderá sair de cena de vez e o meio ambiente vai agradecer.
Uniformes do bem
O Real Madri apresentou uma camiseta feita com plástico reciclado, recuperado do mar. O uniforme foi desenvolvido pela Adidas em parceria com a Parley for The Oceans, uma ONG pela preservação da vida marinha.
Ainda que seja uma novidade para o clube, a parceria entre as duas marcas não é uma surpresa. Em 2017, foi lançado o modelo de tênis UltraBoost, que já atingiu a marca de 1 milhão de vendas globalmente.
Times como o Bayern de Munique, Juventus e Manchester United também tiveram kits esportivos produzidos com plástico encontrado no oceano. Em julho, o Flamengo também anunciou uma camiseta assim. Para celebrar o Dia da Terra de 2018, todos os clubes da Major Soccer League dos Estados Unidos usaram uma das camisetas Adidas Parley.
A Nike também está envolvida em um projeto similar. A empresa produziu camisetas de plástico reciclado para o Barcelona e equipes de futebol nacionais da Austrália, Coreia do Sul e Arábia Saudita. A Nike afirmou que foram utilizadas, ao menos, 12 garrafas plásticas na fabricação de cada camiseta.
Lego à base de cana-de-açúcar

Os famosos tijolos de brincar, que fazem parte do universo infantil desde 1932, estão próximos de provocar uma revolução. A dinamarquesa Lego, fundada por Ole Kirk Cristiansen, decidiu trocar o plástico derivado de petróleo, a matéria-prima principal para a fabricação de 75 bilhões de peças anuais, por um material sustentável à base de cana-de-açúcar. Neste ano, cerca de 1,5 bilhão de unidades terão o novo composto. Esse número vai aumentar gradativamente, nos próximos anos, até atingir 100% da produção em 2030. A empresa dinamarquesa de brinquedos está investindo US$ 155 milhões para abandonar o plástico e escolheu a brasileira Braskem como a principal fornecedora da matéria-prima sustentável.
Sacos plásticos solúveis
Com uma mudança sutil na fórmula do plástico, que permite substituir o petróleo pela pedra calcária, um grupo de empreendedores chilenos conseguiu fabricar sacos plásticos e de tecido reutilizáveis solúveis em água e que não contaminam. Roberto Astete e Cristian Olivares começaram a fazer experimentos para fabricar detergente biodegradável, mas acabaram encontrando a fórmula química à base de PVA (álcool polivinílico, solúvel em água) e que substitui os derivados do petróleo. A fórmula encontrada permite “fazer qualquer material plástico”, razão pela qual já estão trabalhando na produção de materiais como talheres, pratos e embalagens.

Vale lembrar que o Chile foi o primeiro país sul-americano a proibir sacolas de plástico. A nação se juntou aos cerca de 60 países do mundo que tomaram medidas para reduzir a poluição causada pelas 10 mi de sacolas que são consumidas por minuto. De acordo com a lei promulgada no início de agosto, o grande comércio poderá entregar “o máximo de duas sacolas plásticas aos consumidores para cada compra que realizarem”, durante seis meses. Após esse prazo, a proibição será total para supermercados, farmácias e outros grandes comércios, enquanto nas mercearias e comércios de bairro a normativa entrará em vigor dois anos após a publicação. A legislação exclui as embalagens primárias de alimentos “que sejam necessárias por motivos de higiene ou porque seu uso ajuda a prevenir o desperdício de alimentos”.
Cartão de crédito de plástico reciclado
A operadora de cartões de crédito American Express, em parceria com a organização Parley for The Oceans, voltada para a conscientização sobre a poluição dos oceanos, vai lançar um cartão de crédito feito a partir de resíduos plásticos retirados do mar. O cartão ainda está em fase de protótipo, mas deve ser disponibilizado ao cliente dentro de 12 meses.
Embalagem biodegradável
O varejista eletrônico Mercado Livre vai testar, de outubro ao fim do ano, uma embalagem feita de plástico biodegradável para suas entregas. O plano é usar 4 milhões de embalagens feitas de celulose e de óleo vegetal para as entregas no Brasil e na Argentina fabricadas diretamente pela empresa (90% dos despachos vão direto do vendedor para o comprador). As embalagens custam 60% mais do que as de plástico tradicional. O plano do Mercado Livre é, aos poucos, substituir todas as embalagens por opções mais sustentáveis.