Gráficos com E.V.A de diversas texturas diferenciadas; pirâmides etárias de lego; mapas com divisões em linhas e grãos. Todos esses materiais são utilizados como método de inclusão em sala de aula para dois alunos com deficiência. A criadora desta metodologia diferenciada é a professora Fabiana Rocha, que dá aula de geografia no Colégio Português de São Paulo, antigo Colégio Mário Schenberg, em Cotia.
O desafio de Fabiana começou com o aluno Nathan, que é deficiente visual. Ela explica que não dava aulas para a sua turma, que é do Ensino Médio, mas devido ao afastamento da professora de Geografia e a sua dedicação pela disciplina, ela foi indicada pelos pais dos alunos a assumir esse compromisso. Foi quando teve o primeiro contato com o garoto.
Fabiana conta que assumiu as aulas com o Ensino Médio no início do segundo bimestre. Como estava próximo da data das provas mensais, ela ficou pensando em uma forma de avaliá-lo.

“Eu percebia que nas aulas ele [Nathan] ficava lá no canto dele, ouvia, mas pouco participava. Então, passava a ideia de que ele não tinha tanto interesse. Mas depois fui percebendo que aquilo não fazia sentido para ele, dentro dessa questão do aluno especial”, disse.
Foi percebendo as necessidades especiais de Nathan que a professora começou a refletir mais em como ajudá-lo em seu processo educativo. Fabiana então teve a ideia de criar materiais táteis para ele, entre mapas, gráficos e tabelas.
Após a autorização da diretora do colégio, as aulas de inclusão com Nathan iniciaram e o resultado foi surgindo com o tempo. “Ele ficou surpreso, no início, ficou agradecido, se emocionou e eu também me emocionei muito. E, a partir daí, vi que deu certo. Ele ficou mais motivado. Eu percebi que nas aulas ele começou a prestar mais atenção, já fazia algumas perguntas e participava mais”, conta.
Como o método trouxe bons resultados com Nathan, Fabiana começou a utilizar os mesmos materiais de maneira lúdica com outro aluno com deficiência intelectual. Utilizando esses materiais diferentes, ela foi conseguindo, aos poucos, atender as deficiências desses estudantes.
“Quando falamos de uma metodologia que assiste esses alunos especiais, precisamos partir da realidade deles, e não da nossa. Trazer um modelo de ensino igual para todos os alunos não é trazer um modelo padrão, preso, engessado, mas sim usar uma metodologia partindo da necessidade de cada um”, conclui.

EDUCAÇÃO, UM SONHO DESDE A INFÂNCIA
Não foi da noite para o dia que Fabiana decidiu o que queria para a sua vida profissional. O sonho pela educação vem desde a infância. As dificuldades que ela enfrentou, pelo fato de os pais, que não tiveram acesso aos estudos, não conseguirem ajudá-la nesse processo educativo, foi o que a motivou de verdade.
“O sonho de infância foi se amadurecendo durante a adolescência e, quando chegou na escolha de curso na faculdade, acabei optando pela educação. Fiz licenciatura e bacharelado em história, geografia e pedagogia, todos os cursos voltados para a educação”, relata.
Professora desde 2012, além do Colégio Português de São Paulo, Fabiana também dá aulas na área da educação infantil na Escola Educativa, em Osasco.
Por José Rossi Neto

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