O projeto musical “Guaçatom Subindo a Ladeira”, uma iniciativa da Organização da Sociedade Civil- OSC Associação Filantrópica “Criança Feliz”, com sede em Caucaia do Alto (Cotia), é semifinalista do Prêmio Itaú-Unicef 2018. O prêmio reconhece projetos da sociedade civil que trabalham com a educação integral de crianças e jovens até 18 anos em situação de vulnerabilidade social. A escola parceira EM Prefeito Ivo Mário Pires, localizada nas proximidades àOSC, também foi premiada.
O nome “Guaçatom Subindo a Ladeira, remete para o grupo musical Guaçatom, criado em 1995, formado por alunos da rede pública que, no contra turno escolar, participavam de diversas atividades oferecidas pela Associação Filantrópica “Criança Feliz, entre elas, a iniciação musical. Hoje, alguns desses integrantes são monitores sociais/facilitadores, atuam na equipe do projeto selecionado com ações voltadas para a linguagem musical, articuladas com outras áreas do conhecimento e que vem contribuindo para o desenvolvimento integral da criança e do adolescente. O “subindo a ladeira” fica por conta o deslocamento do grupo até a escola Ivo M. Pires, uma ladeira.
Isa Uehara, diretora musical do Guaçatom e coordenadora do projeto junto à “Criança Feliz”, explica que no “Guaçatom Subindo a Ladeira”, os alunos da escola participam das atividades com muita alegria e envolvimento, explorando a própria voz, os timbres e ritmos dos sons corporais e com os objetos sonoros feitos com materiais recicláveis e da Natureza.
“Nesse processo, baseado na ludicidade , vão ampliando a escuta, valorizando e respeitando a produção individual e coletiva, a imaginação, tomando contato com instrumentos e a diversidade enorme de ritmos, melodias e canções da cultura musical brasileira e do mundo através de intervenções musicais do Grupo Guaçatom ao longo do ano”. Segundo ela, a coordenação e os professores da EM Prefeito Ivo M. Pires tem demonstrado bastante entusiasmo, receptividade e colaboração durante o desenvolvimento do projeto, dialogando com a equipe da OSC, disponibilizando também equipamentos quando necessários e diferentes espaços da escola.
E foi essa diversidade, entrosamento, troca de experiência e o fortalecimento de vínculo entre crianças, jovens, comunidade e família, que fez com que o projeto ficasse entre os 100 mais votados nesta 13ª edição do Prêmio Itaú- Unicef 2018. Foram mais de 3,5 mil projetos inscritos este ano.
Os projetos foram avaliados por um grupo de aproximadamente 140 pessoas – representantes das instituições organizadoras e parceiras do Prêmio – das áreas da educação, assistência social, cultura e comunicação.
Os 100 semifinalistas se dividem entre 60 iniciativas na categoria OSC em Ação e 40 na categoria Parceria em Ação. Cada organização receberá o valor de 20 mil reais. Já as cooperações serão beneficiadas com 40 mil, sendo 20 mil para a OSC envolvida e 20 mil para as instituições de ensino.
“A cada edição do Prêmio Itaú-Unicef, são revelados projetos inovadores que mostram como é possível trabalhar na perspectiva da garantia de direitos de crianças, adolescentes e jovens com diferentes temas e ações, mas com a mesma finalidade. O formato adotado este ano, com duas categorias, visa ampliar o alcance e beneficiar um número maior de organizações, escolas e localidades”, explica Camila Feldberg, gerente de Fomento do Itaú Social.
Há 23 anos, o Prêmio Itaú-Unicef celebra projetos de educação integral em todo o Brasil. Para esta edição, a premiação terá um aporte 47,5% maior que o de 2017, somando 5,9 milhões de reais. A iniciativa é do Itaú Social com a participação do Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF) e coordenação técnica do Centro de Estudos e Pesquisas em Educação, Cultura e Ação Comunitária (CENPEC).
Esta é a segunda vez que o projeto “Guaçatom subindo a Ladeira” se destaca neste prêmio. Em 2017 chegou à final regional do edital Prêmio Unicef/Escola Integral com as ações consideradas inovadoras no Distrito de Caucaia do Alto onde o convívio social é predominado sobretudo pelas festas e idas às igrejas, raros equipamentos públicos para o lazer e cultura da comunidade predominantemente de baixa renda.
Criança Feliz
Mantenedora dos programas Centro Juvenil, grupo musical Guaçatom, Informática e Artesanato a Associação Filantrópica Criança Feliz, em Caucaia do Alto, foi idealizada em 1985, pela Sociedade Amiga de Caucaia do Alto (SACA), da qual participava o professor doutor Paul Gottfried Ledergerber, atual presidente.
A construção da então Creche iniciou em 1986 mas o espaço só foi inaugurado em 1989, com a missão de “ assegurar os direitos das crianças e adolescentes, reforçando a autoestima e fortalecer a identidade para o exercício da cidadania.”
A segunda fase do projeto iniciou-se em 1994, quando a primeira turma deixou a pré-escola para ingressar no primeiro grau, nas escolas regulares públicas. Nascia então o Centro Juvenil Criança Feliz, cujo objetivo era dar continuidade ao trabalho da creche e pré-escola, complementando a educação no contraturno escolar com reforço escolar, musica, artes, esporte, artesanato e escotismo.
Por falta de recursos financeiros o Centro Juvenil “Criança Feliz” foi parcialmente encerrado em 2001, mantendo apenas atividades musicais, com o projeto Guaçatom. Em 2009 as atividades de creche e pré-escola foram encerradas e o Centro Juvenil foi reativado e reestruturado com foco na educação e socialização de crianças e adolescentes entre 6 e 16 anos no contraturno escolar.
O apoio à EM Prefeito Ivo Mario Isaac Pires foi iniciado em 2005, ano de fundaçaõ da escola, com a demanda de crianças do Fundamental 1 em direção ao Centro Juvenil. Já as ações com o projeto “Guaçatom Subindo a Ladeira” acontecem desde 2014 diretamente com a equipe musical da OSC na escola e Grupo Guaçatom.
Guaçatom
O grupo Guaçatom surgiu em 1994 durante as atividades musicais do Centro Juvenil da OSC Associação Filantrópica Criança Feliz oferecidas para a comunidade de Caucaia do Alto. O nome é inspirado na Guaçatonga, uma planta da região a Mata Atlântica usada para fins fitoterápicos.
É atualmente um dos mais destacados projetos sociais da região Sudeste do Brasil na divulgação da cultura e diversidade musical no Brasil, no exterior como França, Itália, Taiwan, Suiça e Espanha. seja com espetáculos, seja com oficinas musicais, utilizando uma linguagem permeada pela tradição dos ritmos e melodias da cultura popular brasileira e pela experimentação, desenvolvendo a exploração de objetos sonoros e a percussão corporal.
Choro, frevo, maracatu, samba, forró, baião, ciranda, marcha, grandes compositores nacionais como Guerra Peixe, Pixinguinha, Villa Lobos, , Luis Gonzaga, Moacir Santos, Jacob do Bandolim, Ernesto Nazareth, Jackson do Pandeiro, Hermeto Pascoal são grandes referências no repertório dos jovens músicos.
Formado por 18 integrantes que cantam e tocam flautas transversais, flautas doces, sax, clarinetes, vibrafone, metalofone, percussão geral (zabumba, pandeiros, alfaias, caixas, surdos, objetos sonoros), percussão corporal, piano, o Grupo Guaçatom tem uma vasta lista de prêmios e participações em eventos nacionais e internacionais (veja o site www.criancafeliz.org.br, facebook Grupo Guaçatom ).
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