O movimento Nova Raposo, Não! (NRN) contratou uma empresa para realizar uma pesquisa de opinião junto aos moradores da região impactada pelo projeto Nova Raposo, anunciado em abril deste ano pelo governo do estado e com leilão marcado para o próximo dia 28 de novembro. A pesquisa, conduzida pela Mira Pesquisa, utilizou metodologia quantitativa por meio de entrevistas telefônicas com sistema de URA (Unidade de Resposta Audível) ativa, nos dias 3 e 4 de outubro, garantindo a coleta de dados de forma automatizada e imparcial. Foram realizadas 2.166 ligações. Dessas, 1.360 (63%) desconhecem o projeto, por isso, conforme a metodologia, foi dada continuidade para 806 pessoas que responderam todas as questões.
“Foram realizadas apenas duas audiências públicas, cuja participação não chega a 60 pessoas. Até hoje não tivemos acesso ao conteúdo das 1.800 contribuições online. Contratamos essa pesquisa justamente para saber o nível de conhecimento da população que será impactada sobre este projeto”, explica Ernesto Maeda, membro da coordenação do movimento e do Conselho Participativo Municipal do Butantã. A pesquisa foi protocolada junto a uma representação do Movimento NRN no Ministério Público do Estado de São Paulo, na 4ª Promotoria do Meio Ambiente
Dos 37% que disseram saber o que é o Projeto Nova Raposo, 69% acreditam que o projeto causará impacto na vida da população, sendo que 77% consideram esses impactos negativos. Os principais receios se concentram nos impactos ambientais (30%), como o desmatamento, e financeiros (20%), com a criação de novos pedágios. Acreditam na melhoria do trânsito, 23%. Com relação às desapropriações, 49% responderam que serão afetados, e 22% mostram cenário de incerteza, respondendo “Não sei ainda”.
Sobre a participação, Maeda destaca que apenas um em cada dez respondentes acham que o processo está sendo transparente. “E nove entre 10, consideram a participação da população importante. São dados relevantes, especialmente quando apenas 37% dos entrevistados sabem da existência do projeto. Isso comprova mais uma vez o descaso com a participação popular em uma obra cujo impacto será enorme”, pontua o coordenador do movimento.
A maioria dos entrevistados (67%) acredita que o projeto Nova Raposo irá agravar a crise climática, enquanto 17% acreditam que não haverá impacto e 16% não têm opinião formada. No bloco sobre como o projeto afetará suas vidas, 85% apontaram o desmatamento, sendo 71% de forma muito significativa. Também 62% dos entrevistados têm conhecimento sobre as previsões de derrubada de milhares de árvores, impacto em oito parques e desmatamento de áreas de mata nativa.
Questionados sobre a melhor alternativa para a mobilidade na região, 49% dos entrevistados apontaram o transporte público de massa como solução, seguido por 32% que defendem corredores exclusivos para ônibus. Um dado surpreendente é que 8 em cada 10 pessoas que utilizam o carro próprio como principal meio de transporte na rodovia Raposo Tavares, indicam o transporte público como alternativo. Apenas 4% acreditam que ciclovias são a melhor opção, e 14% não souberam responder.
A pesquisa também revelou um desconhecimento significativo sobre os detalhes do projeto: 38% dos entrevistados não sabiam que o projeto prevê a criação de 12 novos pedágios entre Vargem Grande Paulista e São Paulo. Desse montante, 46% dos entrevistados utilizam a rodovia diariamente), esse número é ainda mais preocupante, evidenciando a falta de informação entre aqueles que serão diretamente impactados pelos novos custos. Sobre a cobrança de pedágios, 81% acreditam que suas vidas serão afetadas de alguma maneira.
Sobre a amostra – A pesquisa contratada pelo Movimento NRN foi realizada entre os dias 3 e 4 de outubro de 2024, entrevistando 2.166 pessoas. A primeira pergunta feita foi: “Você já ouviu falar do Projeto Nova Raposo?”. Dentre os entrevistados, 806 pessoas afirmaram conhecer o projeto de expansão da Rodovia Raposo Tavares, e para elas a pesquisa completa foi aplicada. Essas respostas constituem a base da análise final.
O estudo abrangeu as regiões de Vargem Grande Paulista, Cotia e os cinco distritos da Subprefeitura do Butantã: Butantã, Morumbi, Raposo Tavares, Rio Pequeno e Vila Sônia. As entrevistas foram realizadas por telefone, via URA ativa, com o objetivo de entender a percepção da população local sobre os impactos do projeto de expansão, considerando tanto a infraestrutura quanto questões socioeconômicas e ambientais.
Os resultados apresentados refletem exclusivamente as percepções daqueles que conhecem o projeto, garantindo a precisão e relevância das informações coletadas. Os 63% restantes dos entrevistados, totalizando 1.360 pessoas, declararam não ter conhecimento sobre o projeto e, por isso, não participaram da coleta de dados demográficos.
A pesquisa possui uma margem de erro de 3,5% e um índice de confiabilidade de 95%, assegurando a representatividade dos dados coletados.
Metodologia – A pesquisa conduzida via URA ativa (Unidade de Resposta Audível) é amplamente utilizada para a coleta de dados devido a eficácia e precisão. Esse método permite alcançar rapidamente um grande número de entrevistados, assegurando a uniformidade na aplicação do questionário e minimizando interferências humanas, o que reduz o risco de viés na coleta de respostas.
A utilização de perguntas estruturadas e automáticas garante a confiabilidade dos dados, uma vez que os entrevistados podem responder de maneira direta, garantindo a privacidade e a anonimidade. Além disso, a URA ativa permite maior controle sobre a distribuição das amostras, assegurando que a representatividade estatística seja mantida ao longo da pesquisa. Ela garante a representatividade geográfica e permite o alcance a um maior número de entrevistados driblando as barreiras físicas de acesso a condomínios e prédios, bem como limita as sensações de insegurança dos moradores de abrir a porta de suas casas para um entrevistador.
Sobre o Movimento Nova Raposo, Não! – No dia 9 de abril, milhares de pessoas que moram em bairros e cidades no entorno da Rodovia Raposo Tavares foram surpreendidas pela matéria “Plano para a Raposo Tavares prevê túneis, acessos e pedágios no trecho entre SP e Cotia” , no jornal O Estado de S. Paulo, noticiando que o governador pretende implementar um projeto intitulado Nova Raposo.
Quatro dias depois, com a participação de mais de 100 moradores e lideranças populares da região, conselheiros do CADES Butantã, Conselho Participativo Municipal, ambientalistas de várias organizações, foi criado o Movimento Nova Raposo, Não!. Seu abaixo assinado pela Change.org/novaraposonao, já possui mais de 23 mil assinaturas. Mais de cem entidades, composta por associações de moradores, Ong’s e coletivos da região impactada assinaram seu manifesto.
Também foi criado um Grupo de Trabalho Técnico, com geólogos, urbanistas, biólogos e jornalistas para analisar o impacto do projeto e divulgar as ações do movimento. Até o momento, foram realizadas 6 plenárias presenciais, onde são decididas as principais diretrizes do movimento. a principal reivindicação é de Suspensão imediata do projeto, uma vez que foram realizadas apenas duas audiências públicas, uma no DER, na Zona Norte de São Paulo e outra em Vargem Grande Paulista, que juntas, não reuniram mais de 60 pessoas. O conteúdo das 1800 contribuições online sobre o projeto, promovida pela Artesp, não está acessível para a população.
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