Revista Circuito: 18 anos de história e 220 edições

Com o espírito de compartilhar e reavivar fatos marcantes de quase duas décadas de história, preparamos uma retrospectiva especial, que nos conferiu a difícil tarefa de selecionar registros de importância. Para tanto, definimos 18 temas que sempre são abordados nas páginas da Revista Circuito.

A Revista Circuito está celebrando 18 anos. Na maioria das culturas, essa idade marca o ingresso na fase adulta. E se a entrada na vida adulta, por si só, é inesquecível na vida de qualquer indivíduo, imagine para uma revista. Em plena fase de crise e consequente transformação do jornalismo, assoprar dezoito velinhas em cima de um bolo – apagadas durante a elaboração de um novo projeto editorial que estará pronto em breve – é uma ode ao jornalismo regional, que acredita no valor da comunicação como o principal elo da comunidade.
Quando começou, em 2000, a Revista Circuito nasceu como uma publicação impressa. A maioria dos granjeiros se lembra desta ou daquela capa que lhe tocou mais. No decorrer dessas quase duas décadas, contudo, o mundo mudou de uma forma sem precedentes graças à consolidação da internet. Sabemos hoje, em tempo real, o que está acontecendo em partes distantes do planeta, mas não raro desconhecemos o que ocorre na nossa vizinhança. Nesse maravilhoso novo mundo digital, às vezes o que está perto ficou longe do coração. Ciente desse novo desafio, a Revista Circuito manteve sua versão impressa e, desde 2002, está presente nos ambientes digitais. São 350 mil acessos mensais no site, a página no Facebook tem, atualmente, 873 mil curtidores e a mídia social mais novinha do grupo, o Instagram, criado há dois anos, 6 mil seguidores.
Em algumas tradições, o número dezoito é considerado especial. Na cultura judaica e para os cabalistas, por exemplo, 18, “chai”, quer dizer vivo. Nas cartas do tarô, o arcano da Lua significa, entre outras coisas, a conexão com o inconsciente, com a água, com a fonte da vida. Num ambiente jornalístico que cada vez evidencia mais os vazios das notícias locais, a Revista Circuito segue firme e forte com sua missão de comunicar o que está acontecendo de relevante para os moradores da Granja Viana e região, aumentando o senso de pertencimento da comunidade. Sim, informação segue empoderando as pessoas. Como há 18 anos, seguimos acreditando que o que move o mundo são os afetos e assim seguimos, daqui para a frente, a fazer laços para possibilitar que nossa comunidade viva mais e melhor.

 

O amor, ah, toujours l´amour!
Com dezoito anos se pode casar, é bem verdade, mas desde a edição número 1 o amor sempre esteve nos ares da Revista Circuito. Como já dizia o poeta Vinícius de Moraes (1913-1980), “para viver um grande amor, preciso é muita concentração e muito siso, muita seriedade e pouco riso — para viver um grande amor”. Será? Tudo indica disparado que sim, a julgar pela história de casais famosos que já passaram pelas páginas da revista, como a do cantor Jair Rodrigues (1939-2014) e sua Clo, ou a do crítico literário Alfredo Bosi e a psicóloga Eclea Bosi (1936-2017), ambos docentes da Universidade de São Paulo. Mas os ares verdes da região são um convite para forrar com esse amor um ninho aconchegante e criar uma família, como faz o vocalista da banda Falamansa, Tato Cruz, com sua Luciana.

Diversão e arte, muita arte
Como dizia o pintor Pablo Picasso (1881-1973), “arte é a mentira que nos permite conhecer a verdade”. Os artistas sempre foram e sempre serão as antenas do novo. Não é por acaso que, durante os conflitos políticos, as primeiras vítimas costumam ser cantores, dramaturgos, escritores… E arte é o que não falta nas páginas da Revista Circuito. Afinal, além de bonita por natureza, a região é abençoada com um elenco de primeira em todos os gêneros, de pintores e ceramistas a atores e artistas circenses, entre outros. Bem pertinho, também, contemplada já na edição piloto, estava uma joia da região: Embu das Artes, que em sua área de 70,4 km² oferece comida, diversão e arte para nativo e gringo nenhum botar defeito. E que alguns prefeitos de metrópoles pertinho nos perdoem, mas, com todo o respeito, grafite é arte, sim. Tanto que na edição 129, de setembro de 2010, moradores da Granja Viana, Cotia e Caucaia do Alto deram asas à imaginação num projeto inovador.

Pertenço, logo existo
Dentre os vários pensamentos de Tenzin Gyatso, o 14º e atual Dalai Lama – líder espiritual do budismo tibetano –, este é particularmente profundo: “Dê a quem você ama asas para voar, raízes para voltar e motivos para ficar.” É essa nostalgia das raízes quando se está longe e a vontade de deixar ficar quando se está por perto que nos define e nos faz sentir em casa aqui. Há, de fato, um ar de comunidade ímpar na Granja Viana e região. E esse senso de pertencimento está na base das necessidades, não só dos humanos, mas também de todas espécies animais. Não há nada que seja pior do que se sentir excluído de um bando, metafórica ou literalmente. E nada melhor do que, finalmente, se sentir em casa. Tanto que a edição 31, de março de 2002, já trazia a reportagem “Um bairro de estrangeiros”, contendo depoimentos como “vim passar um mês na casa de um amigo e decidi que era aqui que eu queria ficar”.

Cultura em tudo e para todos
Abundam na região exemplos das duas categorias clássicas: natureza e cultura. Falemos, aqui, da segunda, dada sua importância contemplada número sim e no outro também na Revista Circuito. É o caso da edição 193, de janeiro de 2016, com matéria de capa com o granjeiro Solano Ribeiro, crítico e produtor musical brasileiro que esteve por trás dos festivais de música popular brasileira que catalisaram os anos 1960 no país. Na mesma capa, a chamada para as previsões de horóscopo para 2016 – também uma forma de representação sociocultural. Como diz o antropólogo brasileiro Eduardo Viveiro de Castro, idealizador da hipótese do perspectivismo ameríndio, nossas representações de mundo são formadas a partir de uma multiplicidade de pontos de vista de tal maneira que não seria a cultura que mudaria, mas a própria natureza.

A nova família contemporânea
Como diz a música homônima dos Titãs, família é um conceito bem amplo, que engloba muito mais personagens além do papai, da mamãe e dos filhos. Pode-se incluir desde titia, vovô, vovó e sobrinha até cachorro, gato e galinha – sem falar nas famílias reconstituídas. Na edição 143, de novembro de 2011, a Revista Circuito foi além da tradicional família Viana, que dá nome ao bairro da Granja Viana, e falou dos Serrano, Mayor, Pedroso, Pires… Afinal, hoje o termo é muito maior do que um mero agrupamento humano formado por indivíduos com ancestrais em comum e/ou ligados que vivem sob um mesmo teto.

“Ê onça pintada/Quem foi que te pintou?/Quem te pôs o preto/Quem te pôs o preto/Quem te amarelou?” (Zeca Baleiro)
Cotia tem uma das últimas florestas nativas da região metropolitana de São Paulo. Trata-se da Reserva do Morro Grande. Tombada em 1978, ela possui, em seus limites norte e sul, as represas de Cachoeira das Graças e Pedro Beicht, parte das bacias inferior e superior do Rio Cotia. Do ponto de vista ecológico, esta importante área significa refúgio para a fauna. Mesmo quem reside em condomínios mais próximos da Rodovia Raposo Tavares tem o privilégio de conviver com saguis, quatis e outros animais. Volta e meia, um deles dá com os costados próximo demais dos ambientes urbanos. Na edição 120, de dezembro de 2009, um macho de jaguatirica deu o ar da graça, quem diria, em plena Av. José Félix! Para sorte do felino, ele acabou sendo cuidado por um veterinário de uma clínica veterinária acionada por moradores. É, como diz a música de Chico Buarque: “Xô, tié-fogo. Xô, rouxinol sem fim. Some, coleiro. Anda, trigueiro. Te esconde colibri. Voa, macuco. Voa, viúva. Utiariti Bico calado. Toma cuidado. Que o homem vem aí. O homem vem aí. O homem vem aí”…

Mangia che te fa bene
Há mais de 18 anos, gastronomia é um dos pontos fortes da região. Quem não se lembra do croissant impecável do Cantinho do Pão, de saudosa memória. Cada morador tem suas memórias gustativas de um restaurante ou prato que deixou saudades. E os seus favoritos de plantão. Para manter todos antenados nas novidades gastronômicas, a Revista Circuito, com frequência, publica matérias sobre o tema. Aliás, não só sobre ele, mas sobre enologia e outras artes que envolvem a boa mesa. O que hoje inclui celebridades deste badalado universo, como chefs de destaque. Alguém aí pensou no Erick Jacquin (oui?), no granjeiro André Mifano, no enófilo Eduardo Granja Russo, mais conhecido como Didú Russo?

Tudo aqui agora
Qual a melhor escola para os filhos? Onde colocar a casa à venda ou alugar um espaço comercial para decolar o negócio dos sonhos? Xi, o cachorro comeu a meia de seda da vovó no fim da noite do sábado, o que fazer? Ai, ai, ai, aquela obturação antiga caiu logo agora? Há muito tempo que tudo se faz aqui na região, dispensando a necessidade de pegar a Raposo Tavares para resolver um milhão de coisas em São Paulo. Às vezes, é verdade, é difícil acompanhar as novidades de todos os novos serviços da região. Por isso a Revista Circuito criou o Circuito Comercial, um guia que condensa o comércio da região. Na 16ª edição, também está disponível on-line.

Educar é um ato de paciência e amor
Do templo de Apolo, em Delfos, Grécia, vem uma das recomendações mais sensatas de todos os tempos: conhece-te a ti mesmo. Ao que Sócrates teria respondido: “Só sei que nada sei”. Sim, mestre, somos todos eternos aprendizes. Há dezoito anos, a Revista Circuito sabe que educar é coisa séria. Mas lembra uma das frases do educador brasileiro Paulo Freire (1921-1997): “Ensinar e aprender não pode se dar fora da procura, fora da boniteza e da alegria”. A região é plena de escolas de diversos tipos, da pedagogia Waldorf a experiências reconhecidas no país e no exterior, como o Projeto Âncora, que desde 2012 inaugurou uma escola de ensino fundamental com uma inovadora filosofia educacional inspirada na Escola da Ponte de Portugal. Na edição 176, de agosto de 2014, a capa com a reportagem sobre inteligência emocional. É, vários caminhos levam ao conhecimento.

Senta que lá vem história
O ciclo das navegações no século XV, a ocupação das terras brasileiras pelos portugueses, a expansão territorial, a fundação de aldeias pelo padre José de Anchieta, entre elas a Aldeia de Carapicuíba, por volta de 1580. A fundação de Cotia em 1620, as bandeiras paulistas rasgando as matas ao longo do Rio Tietê em busca de ouro, prata, pedras preciosas e escravos. Uma das maiores teria sido liderada em 1629 por Antônio Raposo Tavares. Desde a época em que os trajetos eram feitos com mulas, o comércio esteve por trás do crescimento das cidades e, no século XIX, quando a Estrada de Ferro Sorocabana não passou pelo núcleo urbano de Cotia, mas pelo que viria a ser a cidade de Itapevi, a cidade murchou. Na década de 1950, com a mudança da política pública que deslocou o eixo do transporte público das ferrovias para as rodovias, Cotia gradualmente voltou a crescer. Até hoje, a região é estrategicamente bem posicionada, graças à rodovia e ao Rodoanel. Atenta às novidades, desde 2008, as edições de novembro anunciam as ondas de crescimento, mostrando as mudanças vistas por terra e pelo ar, sem esquecer de nossas origens.

Mobilidade: a rodovia com jeitão de avenida
Da mesma forma que tempo é um assunto “quebra-gelo” entre londrinos (brinca-se que por lá o verão dura um dia, tal a quantidade de chuva), os humores da Rodovia Raposo Tavares façam parte das conversas dos granjeiros e moradores da região. Não por acaso, uma das capas mais belas da Revista Circuito, edição de 203 de novembro de 2016, homenageia, por meio de vistas aéreas, essa avenidona, que nos deixa felizes quando flui e derruba nosso humor quando… bem, escolha sua palavra favorita: empaca, entala, entope, não flui… Mas aí você vê a reportagem com as fotos em preto-e-branco feitas do helicóptero Robson 44 a partir do Campo de Marte, passando pelo Allianz Parque (megalocal para curtir um show!), pelo grandioso Ceagesp, pela Chácara Fonte (sim, já estamos nela, a gloriosa Raposo, que começa no km 10), pelo corpo de bombeiros do km 13, pela Avenida Escola Politécnica do km, 15, pelo rodoanel do km 21, com sua sinuosa curva, pelo The Square Open Mall do km 22, pela Estrada Velha de Sorocaba do km 23, pela capelinha Santo Antônio do km 24 e, inexplicavelmente, o coração começa a bater mais forte. Você está a caminho de casa. E, ora bolas, se esquece do trânsito… até o dia seguinte.

Parques pra que te quero
Lazer é essencial para uma vida plena. E a região oferece três bons parques para desfrutar. São eles Cemucam (situado em Cotia, mas pertencente à Prefeitura de São Paulo), o Tizo/Jequitibá (estadual, localizado na divisa das cidades de Cotia, Osasco e São Paulo) e o Tereza Maia (municipal, situado no Parque São Jorge). Na edição 19, de março de 2001, a Revista Circuito, ainda em formato tabloide e, então, com periodicidade quinzenal, trazia uma entrevista com a educadora Teresa Maia, do Departamento do Meio Ambiente de Cotia – que dá nome ao mais recente parque da região. Aos domingos pela manhã, o Parque Teresa Maia oferece a EcoFeira, espécie de farmers market que vende produtos sem agrotóxicos e artigos afins diretamente dos produtores.

O merecido destaque para os projetos sociais
O Terceiro Setor está muito bem representado na região. Há uma multiplicidade de projetos relevantes que são constantemente registrados nas páginas da Revista Circuito. Escolhemos aqui, para representá-los, o Guaçatom. Tudo começou no fim dos anos 1980, quando o suíço Paul Gottfried Ledergerber, então presidente da Sociedade Amigos de Caucaia do Alto (Saca), fez uma pesquisa e descobriu que 400 famílias da área estavam abaixo da linha da miséria. Aí… quer ler a interessante matéria na íntegra? O link é revistacircuito.com/arquivos/4328. Formado em 1995, até hoje o Guaçatom reúne jovens talentos da região, que dividem seu tempo entre a escola, as brincadeiras e os ensaios para encantar a todos com seu ritmo e charme.

Celebrities para todos os gostos
A quantidade de granjeiros e moradores da região famosos pelos mais variados motivos é grande. A edição número 1, da segunda quinzena de abril de 2000, do então Jornal Circuito, já trazia uma entrevista de perguntas e respostas com… Marcelo Fromer (1961-2001), do grupo de rock brasileiro Titãs. É, enquanto houver sol… “Quando não houver caminho
Mesmo sem amor, sem direção/A sós ninguém está sozinho/É caminhando/Que se faz o caminho”.

Saúde é vital! Mas pera lá…
Saúde é muito mais do que uma cabeça legal num corpo sem doenças. Mas também não é fácil contemplar todos os itens preconizados pela Organização Mundial da Saúde (OMS), para a qual saúde é uma “situação de perfeito bem-estar físico, mental e social” do indivíduo. Perfeito? O tempo todo? Só que… Dito isto, se pensarmos em saúde como um estado possível, não idealizado, de certa harmonia, cheia de altos e baixos, entre o indivíduo e a sua própria realidade, talvez fique mais leve tentar ser saudável. Na edição 134, de fevereiro de 2011, a matéria Novos caminhos, da Revista Circuito, já questionava essa definição ao entrevistar pessoas que tiveram a coragem de optar por novas atividades, sejam profissionais ou físicas, para tentar viver de uma forma mais verdadeira e plena.

Uma questão de segurança
Sentir-se seguro é uma percepção de estar protegido de riscos, perigos ou perdas. Se estivermos numa casa que achamos que mais cedo ou mais tarde vai cair sobre nós, nosso corpo e psique sofrem com isso. Já se nos sentimos em uma casa sólida, que não está ameaçada, ficamos mais serenos e tudo fica mais em paz. Há elementos psicológicos ligados à segurança, mas também, claro, há os sociais. Neste caso, é o diálogo com os poderes públicos e a participação nas esferas políticas decisórias ¬ afinal estamos numa democracia – que ajuda a comunidade como um todo a ser e se sentir mais segura. Na edição 74, de fevereiro de 2005, a Revista Circuito já cobria os projetos ligados à questão no município de Cotia.

E o Oscar vai para…
Na edição 215, de novembro de 2017, a reportagem “1º Mutirão do Selo Cidadão” destacava a ação promovida pela Revista Circuito, que reuniu mais de 200 voluntários para atender cerca de 900 pessoas da comunidade. O Selo Cidadão, atualmente na 12ª edição, possui três categorias: 1) Transformadores, que premia ações que transformam diretamente a vida das pessoas da comunidade; 2) Incentivadores, que destaca ações que buscam motivar pessoas no processo de sustentabilidade da região; 3) e Apoiadores, ações que apoiam o bem-estar e visam a melhorias como um todo.

Pequenas ações, grandes resultados
Sustentabilidade (substantivo feminino) = característica ou condição do que é sustentável. Na edição 117, de setembro de 2009, a Revista Circuito trouxe a reportagem “Atitudes que fazem a diferença”, lembrando ações ao alcance de todos que mudam a vida para melhor. É o caso de reciclar o óleo de cozinha, de utilizar composteiras domésticas, de combinar caronas solidárias, de não desperdiçar alimentos. Uma vida mais sustentável preconiza o respeito a vários círculos que, como uma pedra jogada na água, vão se expandindo, começando com o respeito pelo próprio corpo, pois ele nos lembra que somos parte da natureza. Aí nos recordamos que estamos em relação com outros seres humanos. E que essas comunidades estão em relação com a natureza de seu entorno. E que, afinal, estamos todos no planetinha azul que os mitos gregos já chamavam de Gaia. Assim, usamos os recursos que precisamos, de modo a não comprometer e, se possível, melhorar a disponibilidade para as futuras gerações.

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