O fígado é a maior glândula do nosso corpo e nos ajuda a eliminar diversas substâncias tóxicas ao organismo, além de produzir a bile, que auxilia na digestão e absorção de nutrientes dos alimentos. Pequenas quantidades de gordura no fígado são normais, mas o excesso significa um problema.
A esteatose hepática, ou “gordura no fígado”, é o resultado do acúmulo de gordura dentro de células denominadas “hepatócitos”. Quando pelo menos 5% dessas células estão infiltradas de gordura, é preciso buscar ajuda médica.
Se não tratada, a esteatose hepática pode evoluir para casos mais graves de inflamação e fibrose, que se caracteriza por uma quantidade anormalmente excessiva de um tecido de cicatrização dentro do órgão, que tenta reparar as células danificadas. Uma fibrose intensa pode causar cirrose, câncer do fígado e a necessidade de um transplante. E os riscos não são apenas para o fígado: existe uma relação entre a esteatose hepática e a formação de placas nas artérias do coração, aumentando o risco de doenças também para este órgão.
Aproximadamente 3 em cada 10 brasileiros têm gordura no fígado e nem sabem disso. E o problema pode afetar tanto adultos (principalmente as mulheres) quanto crianças. Pessoas vivendo com obesidade, incluindo obesidade abdominal, diabetes ou pré-diabetes, com níveis elevados de colesterol e triglicérides no sangue, que consomem álcool e sedentárias são as que mais apresentam riscos para essa condição.
Inicialmente, os pacientes não apresentam sintomas, que só aparecem quando surgem as complicações da doença. As queixas podem ser de dor no lado direito do abdômen, cansaço, fraqueza e perda do apetite. Quando o fígado já está inflamado e com fibrose, os indivíduos podem apresentar um acúmulo anormal de líquido dentro da cavidade abdominal, confusão mental, queda do número de plaquetas e sangramentos, além de uma cor amarelada da pele e das mucosas (icterícia).
O diagnóstico pode ser suspeitado pela história clínica e por exames de sangue e imagem (ultrassom comum ou ressonância do abdômen). A partir de alguns dados muitos simples obtidos durante uma consulta, o médico também pode estimar um risco maior ou menor de fibrose do fígado usando um escore chamado FIB-4. Dependendo do resultado deste escore, ele poderá solicitar um tipo de ultrassom ou ressonância capaz de medir a quantidade de gordura e a rigidez do fígado: é a elastrografia hepática.
O tratamento da gordura no fígado baseia-se em uma recomendação bem simples: alimentação saudável e exercícios físicos regularmente. Perder peso, reduzir medidas de circunferência abdominal e reduzir o consumo de álcool, carboidratos refinados e gorduras saturadas fazem parte do tratamento. Em algumas situações, medicamentos poderão ser necessários. Mas, atenção: não use nenhum suplemento ou medicamento sem orientação. Alguns podem causar mais sofrimento para o fígado ou até mesmo toxicidade grave. Converse sempre com o seu médico!
Dra Renata Alfonso Endocrinologista
CRM 67.606 | RQE 103030 | RQE 91353
Título de Especialista pela Soc. Bras. de Endocrinologia e Metabologia
Pós-graduação em Nutrologia pela USP
Tel.: (11) 4612-9233 / (11) 91168-3023