O Brasil precisa de mais juízo. A situação é grave e não parece estar sendo levada com a seriedade necessária. O momento é de contrição. O que foi feito do sonho? Como reconstruí-lo?
O horizonte não pode estar restrito a 2018. É urgente pensar além. Há projetos a longo prazo?
Pense-se, por exemplo, na urgência da reforma política. Não é viável dispor de quase 40 projetos diferentes de país, sustentados pelo povo. A liberdade de pensar, de planejar, de propor reformas, não pode se confundir com a existência de Fundo Partidário, que alimenta propostas individualistas. Tudo bem que grupos se organizem e formulem opções de governo. Muito saudável, até. Mas existir dinheiro tão escasso para o que é essencial só para preservar uma ideologia, parece incompatível com o momento.
É também conveniente – para usar de um eufemismo – repensar o sistema tributário. Se as demandas crescem, se tudo é direito e direito fundamental, se há um Judiciário pronto a prover todos os pleitos, não é possível deixar de pensar em como satisfazer aos anseios concretizá-los em prestações pecuniárias. Quem paga a conta?
Hoje, o município está sufocado. Assisto à perplexidade de prefeitos que não têm como honrar a folha de pagamento. Tudo está a clamar por revisita. Se município é entidade da Federação, precisa ter recursos para atender às suas atribuições. Ou deixar de ser município, se não tem como arcar com a máquina pública.
Alguém está pensando nisso?
A inteligência brasileira deveria estar atenta ao que acontece no planeta. Atividades surgindo sem que a educação se dê conta. Indústrias fechando, empregos desaparecendo, vocações em busca de um destino e as novas gerações ainda sem saber como sobreviverão.
O ambiente degradado, o lixo aumentando, o dinheiro cada vez mais raro. O que será do amanhã? Mero choque de gestão é insuficiente. A mentalidade dos que ainda pensam requer uma verdadeira lobotomia. Invenção lusa hoje em desuso, mas que seria útil ao menos metaforicamente. Vamos pensar grande, minha gente!
Por José Renato Nalini, secretário da Educação do Estado de São Paulo