Nos últimos anos, a busca por um estilo de vida mais equilibrado e saudável vem gerando mudanças em diversos setores da indústria de bebidas. E o mundo do vinho não ficou de fora. Surgem cada vez mais rótulos que prometem calorias reduzidas e menor teor alcoólico, conhecidos como “light” ou “lower alcohol wines”. Embora a proposta seja moderar o consumo de calorias, os produtores se empenham em preservar sabor, aromas e qualidade.
Grandes produtores já embarcaram nessa tendência. A renomada vinícola chilena Casillero del Diablo, marca da Concha Y Toro, por exemplo, lançou pioneiramente em 2023 sua linha Belight, oferecendo elegantes versões rosé e Sauvignon Blanc com apenas 59 calorias por taça. Combinando tecnologia e estudos de mercado, esses vinhos entregam frescor e sutileza, mantendo uma experiência sensorial agradável.

Do outro lado do mundo, na Nova Zelândia, a marca Kim Crawford apresentou recentemente uma versão mais leve do seu icônico Sauvignon Blanc. Mantendo a explosão aromática e a personalidade vibrante típica da região, o vinho surge como uma opção perfeita para momentos descontraídos e leves, agora disponível no mercado brasileiro através da importadora Qualimais.
Por aqui, a vinícola Jolimont destaca-se com o Low Carb Merlot, pioneiro no Brasil, com apenas 55 calorias por taça – menos que uma maçã! Elaborado exclusivamente com uvas Merlot da Serra Gaúcha, mantém seu charme gastronômico, conquistando paladares atentos à saúde.
Esses novos rótulos utilizam técnicas variadas, sendo a colheita antecipada a mais valorizada, pois proporciona vinhos de qualidade superior. Já a desalcolização parcial pós-fermentação surge como alternativa, embora com resultados sensoriais menos marcantes. Em ambos os casos, o objetivo é preservar a expressão varietal e a delicadeza dos sabores. Particularmente, como sommelière, ainda não provei um vinho “light” que me agradasse plenamente, mas acho a ideia bastante sedutora.
Mas afinal, vinhos “light” são heresia ou inovação promissora? Puristas podem franzir a testa diante da redução das calorias e do álcool, argumentando perda de complexidade nessa leveza. Já a nova geração, prática e descomplicada, recebe essas versões com entusiasmo. Em última análise, o vinho sempre foi sobre prazer, compartilhamento e descoberta. Nessa dança entre tradição e inovação, talvez haja espaço suficiente para todos os gostos. O essencial, seja na leveza ou na intensidade, é brindar à diversidade.
Por PAULA PORCI
Consultora, palestrante e colunista de bebidas
Juíza de vinhos Sommelière de vinhos ABS-SP e AIS-FR
Fundadora da Confraria das Granjeiras