Apeoesp alerta para alta de violência nas escolas

Abandono das escolas estaduais levou ao aumento da insegurança, alerta presidente do Sindicato dos Professores

A situação da violência nas escolas é um tema grave e deve ser debatido com a sociedade. É o que afirma a presidente do Sindicato dos Professores do Estado de São Paulo, Apeoesp, Maria Izabel Azevedo Noronha, a professora Bebel.

De acordo com pesquisa sobre violência nas escolas estaduais de São Paulo realizada pelo Instituto Locomotiva, a pedido do sindicato, 61% dos professores e 72% dos estudantes consideram há nas escolas ambientes de violência e 87% da população afirmam que a violência nas escolas públicas estaduais aumentou nos últimos anos.

O levantamento mostra ainda que 45% dos pais, 48% dos estudantes e 37% dos professores não se sentem seguros dentro das escolas estaduais.

Quando se fala do entorno dos colégios, a percepção se agrava: 73% dos pais, 69% dos estudantes e 60% dos professores não se sentem seguros nas proximidades das unidades escolares.

“O fato é que hoje as escolas estaduais estão abandonadas pelo poder público. Não há funcionários suficientes, a infraestrutura é precária, as salas de aula estão superlotadas, os profissionais da educação estão desvalorizados e não há gestão democrática”, afirma a presidente.

“Em vez de atuar no sentido de minimizar a ocorrência de casos de violência, a Secretaria de Educação reduziu em 2017 o número de professores mediadores, o que incidiu na elevação da violência dentro das escolas. As escolas estaduais hoje não são atrativas para os estudantes. Ao contrário, se tornaram locais hostis devido a essas condições adversas”, completou.

Outro dado apontado pelo Instituto é que mais de 1,6 milhão de estudantes e 173 mil professores tomaram conhecimento de casos de violência em suas próprias escolas. E, também, que 39% dos alunos e que 51% dos professores sofreram pessoalmente algum tipo de violência em suas escolas.

A Apeoesp tenta contribuir apontando soluções para tentar minimizar o problema. No entanto, há dificuldades que começam no fato de as autoridades públicas estaduais não admitirem a gravidade do problema.

“A Secretaria da Educação afirma, contra todas as evidências e os dados da pesquisa, que houve redução no número de casos e anuncia um “novo” programa de mediação escolar e comunitária que não tem nada de novo”, ressalta Bebel.

“A secretaria não amplia o número de professores mediadores, joga sobre os vice-diretores atribuições que não lhes cabem e passa essas atribuições também aos professores readaptados, que estão afastados das salas de aula justamente por não terem no momento condições físicas e mentais para enfrentarem situações de tensão, conflitos e desgastes”.

A Apeoesp cobra uma abertura ao debate que ouça os diferentes entes envolvidos na educação pública.

Artigo anteriorApae de Cotia realiza tradicional jantar beneficente
Próximo artigoVeja dicas para se sair bem no Enem