El Niño X La Niña

A diferença entre esses fenômenos meteorológicos originam diferentes impactos no planeta

Nos últimos anos, os fenômenos El Niño (EN) e La Niña (LN) têm sido citados com mais frequência na imprensa brasileira, principalmente por seus impactos no regime de chuvas do Brasil. A crise hídrica do país, que tem forte impacto no setor energético, e o aumento da ocorrência de fenômenos capazes de provocar enchentes e alagamentos podem estar diretamente associados a estes fenômenos. Mas, o que realmente são eles? Como impactam no regime de chuvas?

O EN e a LN são fenômenos de teleconexões atmosféricas, isto é, são fenômenos que acontecem numa determinada região do planeta e são capazes de impactar outras áreas, por modificarem o balanço de massa e energia da Terra. O EN e a LN são fases do fenômeno El Niño-Oscilação Sul (ENOS) que possui uma interação oceano-atmosfera e está associado às variações da Temperatura da Superfície do Mar (TSM) e dos ventos alísios, na região do Oceano Pacífico Equatorial (OPE), estendendo da costa do Peru até a Austrália.

O termo “Oscilação Sul” surgiu da pesquisa do cientista inglês Sir Gilbert Walker, que, ao tentar encontrar uma maneira de prever as monções asiáticas, descobriu que havia uma correlação entre a pressão atmosférica no centro-leste e no oeste do OPE. Quando a pressão subia em um lado deste oceano, ela caia no lado oposto, e esta “gangorra” na leitura dos barômetros – instrumento para medir a pressão – foi denominada como Oscilação Sul. Mais tarde, foi descoberto que o EN, e seu oposto, a LN, estavam associados a esta variação de pressão.

Normalmente, no leste do OPE, junto à costa oeste da América do Sul, ocorre o fenômeno oceânico da ressurgência, com os ventos alísios soprando junto à costa do continente, movendo as águas superficiais mais quentes do oceano e permitindo que águas mais profundas, ricas em nutrientes, ressurjam na superfície. Quando estes ventos enfraquecem, a ressurgência das águas mais frias é afetada, e a TSM fica mais elevada nesta região, formando o fenômeno EN.

O EN foi assim batizado pela fraca ressurgência em afetar a atividade pesqueira do Peru e do Equador. As águas mais quentes desfavorecem o crescimento dos peixes, pela falta de nutrientes, e tal fato ocorria com mais intensidade próximo ao período de Natal. Assim, os pescadores da região fizeram alusão do fenômeno à atuação do “Menino Jesus” – El Niño, em espanhol.

Já a fase negativa do ENOS, a LN, ocorre quando os ventos alísios se intensificam e a ressurgência de águas sub superficiais mais frias é mais efetiva, resfriando a TSM junto às costas da América do Sul e aumentando a temperatura das águas do OPE na região próxima à Austrália. O termo LN surgiu simplesmente por tal fenômeno ser o oposto do EN.

Quando temos um ano de EN, de maneira geral, ocorre um aumento da precipitação no sul do Brasil, bem como no sul da região sudeste. Além disso, também é observado um déficit de chuvas no semiárido do nordeste brasileiro e um leve aumento de temperatura no sudeste. Já os efeitos dos eventos de LN na precipitação do Brasil são mais difíceis de serem capturados, entretanto, estudos baseados em observações verificam sinais opostos aos do EN, isto é, em anos de LN tem-se um período mais seco na região sul do país e mais úmido no norte e nordeste brasileiro.

Conhecer bem as características e os impactos do EN e da LN nas variáveis meteorológicas auxilia na previsão do tempo e do clima, assim como no planejamento das atividades dos diversos setores da sociedade brasileira.

Fonte: Squitter Soluções em Monitoramento Ambiental, empresa que atua no âmbito nacional no desenvolvimento e fabricação de equipamentos de monitoramento automático, principalmente nas áreas de Meteorologia, Hidrologia e Agrometeorologia.

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