Esportistas da região fizeram história em 2018

Meninas e meninos que lutam, correm, dançam, soam a camisa e fazem bonito nas quadras, no tatame, nos campos, no pódio. Um sorriso no rosto e a esperança, o sonho de verem seus esforços retribuídos em forma de medalhes e troféus

Membro do Conselho Nacional do Esporte (CNE), a ex-jogadora de vôlei, Ana Moser, 50 anos, demonstrou preocupação com o futuro do Esporte em recente entrevista ao jornal Lance. Uma de suas preocupações refere-se à possibilidade de fusão do Ministério do Esporte com os da Educação e Cultura, no futuro governo do capitão Jair Bolsonaro que assume em 1º de janeiro.  Pare ela, isso pode enfraquecer o Esporte e os meios de atividades esportivas  e deixarem acontecer ações que passam pelos Ministérios, como a Lei do incentivo, bolsa atleta e programas esportivos ligados a educação, além de atividades físicas para adultos, além do próprio Conselho, responsável entre outras coisas do desenvolvimento de programas que promovem a prática de atividades físicas para toda a população.

Mas independente de ações políticas, os esporte e os esportistas não param. Eles estão em todos os cantos deste país, nas quadras, nos tatames, nas pistas, nas piscinas, nos campos,  no céu, no mar ou na terra.  São principalmente jovens meninas e meninos que lutam, dançam, correm, soam a camisa, choram, passam dias longe  da família, são submetidos a longas horas de treino pesado. No rosto suado, sem reclamar do cansaço, carregam a esperança, o sonho de verem seus esforços retribuídos em forma de medalhes e troféus, no primeiro lugar do pódio.

Ao longo de 2018 diversas modalidades esportivas tiveram atletas de destaque em Cotia e região.  De acordo com a Secretaria de Esportes de Cotia, no Judô, por exemplo, foram dezenas de medalhas conquistadas em competições estaduais, nacionais e internacionais. Entre os destaques, podemos citar o judoca Diego Biriba que conquistou o bronze pela categoria M2-66kg, no 42º Quebec Open disputado na província de Quebec, no Canadá.

Muitos buscam no esporte a possibilidade de “apenas” vencer a fome e a miséria, como o pequeno Cauã Souza da Silva, 12 anos,  morador da periferia de Cotia que chamou a atenção da reportagem da TV Record porque tem um sonho:  ganhar dinheiro com o futebol para tirar sua família da pobreza.  Ele treina na escolinha do Inter de Milão, no bairro do Portão, um dos tantos clubes que caça talentos na cidade e está entre os que podem ser convocados para compor o time e realizar sonho.

Menino de ouro do Karatê

O pequeno Dudu Fuchs Jr de apenas cinco anos, ainda não tem idade para compreender certas mazelas da vida, nem tampouco está preocupado com o futuro político do esporte. O tatame é seu local preferido para brincar.

Dudu também não está preocupado em dar entrevistas, é apenas uma criança que se diverte lutando Karatê.  E apesar da tenra idade já tem um currículo de dar inveja a muitos atletas e encher o pai Eduardo de orgulho.

Eduardo, o pai, conta que ao decidirem iniciar o garoto então com 4 anos, em uma atividade esportiva, optaram pelo futebol mas  Dudu , apesar de gostar não se adaptou. Foi quando família começou a pesquisar outras atividades indicadas para essa faixa etária e chegaram por fim ao Karatê. “Após uma semana de aula experimental foi paixão a primeira vista”.

Com 5 meses de treino, já se graduou na faixa amarela e era só elogios. Atualmente o pequeno Dudu treina na academia da Associação Mugem Kan, do Professor Gilson Nunes.  Quando foi convidado para disputar campeonatos, a família não levou a sério.  Mas o sensei os convenceu de que o garoto tinha talento e futuro no esporte. E ele estava certo. A primeira competição foi em Santos e Dudu, com seus quatro e poucos anos, competiu com outros meninos na faixa de 5 e 6 anos e classificou-se em segundo lugar. Desde então, nunca mais parou. “A partir deste dia o que já era uma paixão pelo esporte, se multiplicou”, comenta orgulhoso Eduardo.  E a família começou a literalmente “caçar” torneios. “Ele foi participando e se destacando”.

Dudu foi campeão brasileiro de Kata e Kobu do, disputando com crianças de até nove anos de idade. “Em 2017, quando já tinha cinco anos não encontrávamos torneios na categoria dele, então ele tinha que disputar na categoria 6-7 anos” O menino de apenas  5 anos que acumula medalhas é considerado uma grande promessa no esporte. “Vejo que tem um grande potencial e está cercado de grandes profissionais”, diz o pai orgulhoso.

Ao ser perguntado se essa rotina de treinos e competições atrapalharia a infância do filho, Eduardo diz que não porque a atividade não é imposta ao garoto, ele pratica porque gosta e família faz de tudo para que ele tenha uma rotina “normal”.

Melhor levantador

Gustavo André Orlando tem 16 anos, atualmente mora em Pinheiros por força do “trabalho” no Esporte Clube Pinheiros, mas sua família mora em Cotia, onde também estão seus amigos.

Seu esporte? O voleibol, atividade que pratica desde os 10 anos, inspirado pelo pai, professor de Educação Física que treinava jovens na Escola Roque Celestino, em Caucaia do Alto.  “Foi lá que comecei, amei,  peguei o amor pelo esporte e nunca mais larguei”, escreveu. A entrevista foi pelo whatsApp no intervalo de um dos treinos.

Ainda na categoria Infantil ( a partir de 2019 será Infanto Juvenil), com 1,88 m é Levantador, ou melhor, foi eleito o melhor Levantador da Taça Paraná em 2017 e do Sul-americano em 2018.   Mas este não foi seu único destaque, a lista de medalhas é grande mas vamos listar apenas as principais ou essa matéria vai fiar muito extensa: campeão brasileiro em 2016 e vice-campeão em 2018 pela seleção Paulista, campeão sul-americano sub 19 e sub 21 pela Seleção Brasileira em 2018; terceiro lugar na taça Paraná 2017, Vice campeão Paulista em 2016;

Ao contrário do pequeno Dudu Fuchs que tem os pais sempre por perto  e os carrega para todas as competições, Gustavo teve que abdicar deste privilégio e diz que ficar longe da família é sua maior dificuldade. Por outro lado, isso o fez amadurecer mais rápido.

“Outra dificuldade são as barreiras do dia a dia.  Não podemos parar no tempo, precisamos sempre evoluir, estar em boa forma e saber lidar com pressões impostas pela comissão técnica em busca de resultados”.

Cursando o segundo ano do Ensino Médio, o adolescente também não pode titubear nos estudos, “precisamos nos dedicar o máximo possível, sem faltas e com notas boas.” No caso de convocação para a Seleção, por exemplo, a rotina de treinos e competições obriga o atleta a ficar cerca de três meses fora da escola, “e com isso, quando voltamos, fica bem corrido”.  O que facilita é que estuda numa escola de esportistas, onde todos tem rotinas parecidas.

Mas todo esse esforço e dificuldade são recompensados pelas emoções e alegrias que  vem com o esporte, sobretudo quando estamos falando de um campeão.

“Alegria não tem preço! Primeiro de tudo só é esportista quem realmente ama”, diz Gustavo.  “Não é um serviço obrigatório sabe?  Então sempre tenho prazer e vontade,  independente da dificuldade que enfrento.  A alegria que nos da é de arrepiar, de chorar, de se emocionar muito”, diz Gustavo que sonha em ser um grande atleta profissional, “me esforço e trabalho para isso todos os dias, tenho um espelho como base e pretendo ser melhor (risos).

Muito rítmo, leveza e talento

Impossível falar de vitórias e conquistas no Esporte regional sem mencionar as meninas da Ginástica Rítmica  e Estética de Cotia, sob a batuta da técnica Zeza Belafronte, que iniciou o projeto em 2000, na Secretaria de Esportes de Cotia.

Muita dedicação nos treinos é o segredo do sucesso segundo Zeza.

Elas podem iniciar na atividade a partir dos quatro a anos de idade e neste caso, treinam uma hora por semana. A partir dos sete anos, já são encaminhadas para a escolhinha de base e os treinos ficam mais frequentes, três vezes por semana até atingir o nível máximo e a exigência fica maior, treinos diários de pelo menos quatro horas.

“As meninas são incentivadas a participar de competições desde crianças, respeitando a idade e categoria”, explica Zeza. Segundo ela, além do trabalho técnico, a ginástica possui uma função social, as crianças  também fazem atividades lúdicas,   fazem passeios e outras atividades. E também são acompanhadas por uma psicóloga voluntária.  “Nestes quase 20 anos de trabalho, temos evoluído bastante”.  E hoje Zeza, além das professoras, Margarete e Vanessa,  conta com o auxilio voluntário de quatro ex-alunas para treinar a base: Janaína Oliveira Gomes, Tiffany Bastos, Gabriela Sales e Thayná Araujo.

A equipe recebe suporte financeiro da Secretaria de Esportes de Cotia. Se há dificuldades? Zeza diz que sim, entre elas a financeira para melhorar a qualidade dos treinos, mas,  principalmente  falta  comprometimento de alguns pais que muitas vezes não compreendem a importância do treinamento e da participação de seus filhos.

Mas as dificuldades são superadas com a alegria das vitórias e medalhas conquistadas e foram muitas ao longo destes anos, apenas este ano foram 11 títulos em Ginástica Rítmica e Ginástica Estética de Grupo com destaque para ouro, prata e bronze em diversas categorias nos Jogos Regionais em Santo André,  duas medalhas de ouro nos Jogos Infantis do Estado de São Paulo, ouro individual nos Jogos Abertos do Interior,  Campeonato Paulista e  Campeonato Brasileiro de Ginástica Estética de Grupo, sendo que na categoria adulta foram pentacampeãs no Brasileiro e Campeonato Panamericano de Ginástica Estética de Grupo.

Por Sonia Marques

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