Como transformar um parque estadual num pátio de logística:
Passo 1: acabe com a Secretaria Estadual de Meio Ambiente e mande toda sua estrutura para um apêndice da Secretaria de Insfraestrutura, criando o Frankenstein chamado SIMA (Secretaria de Infraestrutura e Meio Ambiente);
Passo 2: Ignore os parques como local de convivência e de promoção de projetos educacionais, ambientais, como ativo sustentável. Apenas deixe-os lá, como acontece com o Parque Jequitibá, na divisa entre São Paulo, Cotia e Osasco;
Passo 3: Promova uma reunião entre todos na qual os políticos, em ano eleitoral, precisam de espaço para alojar caminhões que serão entregues às prefeituras amigas. Vai aparecer um executivo empenhado em mostrar serviço e dizer algo como: “Nós temos um parque criado para atividades educacionais. Não fazemos nada com ele, vamos usar para alguma coisa útil”.
Passo 3: Ignore que há cidadãos fazendo cooper ou ensinando seus filhos a andar de bicicleta no parque, e veja-o apenas como um imenso pátio próximo do Rodoanel. Tente não atentar para detalhes, como o de que os caminhões, para estacionarem ali, precisam transitar por dentro do parque.
Voilá. No ex-parque, temos agora um lindo pátio de logística.
Fábio Sanchez
Nota da Redação
O Parque Jequitibá, ao qual o leitor se refere, ocupa uma área de 1,3 milhão de metros quadrados, sendo 1 milhão de metros quadrados composto por remanescentes de Mata Atlântica. O parque está localizado na altura do km 21 da rodovia Raposo Tavares, no bairro Gramado, mas tem parte nos municípios de São Paulo e Osasco. É um parque estadual urbano voltado à preservação da floresta, pesquisa, sustentabilidade e educação ambiental. Ou deveria. A carta do leitor, assim como a imagem feita por um frequentador do parque e publicada nas redes sociais, foram encaminhadas para a Secretaria Estadual de Verde e Meio Ambiente, que administra o local.