Com mais de 90 entidades apoiadoras, compostas por associações de bairros, ONGs e coletivos ambientalistas, o movimento “Nova Raposo, Não!” realiza nesta quarta-feira (15) uma audiência pública na Alesp (Assembleia Legislativa de São Paulo) para debater o projeto de ampliação da rodovia Raposo Tavares, na Zona Oeste, apresentado recentemente pelo Governo de São Paulo e intitulado “Nova Raposo”. Participam da audiência parlamentares municipais, estaduais e federais.
A audiência foi convocada pela deputada estadual Mônica Soares (PSOL), da Bancada das Pretas, e já estão confirmadas as presenças de Ivan Maglio, professor doutor dos Estudos Avançados da FAU-USP e especialista em urbanismo e mobilidade, Renata Esteves, advogada do movimento Defenda SP, e Ernesto Maeda, do Conselho Participativo Municipal e da coordenação da Rede Ambiental Butantã. Sérgio Reze, diretor da AMAPAR (Associação dos Moradores e Amigos do Parque Previdência), e Verônika Bilyk, do movimento Pró-Pinheiros também participam da mesa. Além disso, foram convidados representantes da Artesp (Agência de Transporte do Estado de São Paulo) e da Secretaria de Parcerias.
Em abaixo-assinado publicado na plataforma Change.org, que já conta com mais de 13 mil apoios, as entidades que compõem o movimento exigem transparência e reivindicam a suspensão imediata do andamento do projeto em função da total falta de participação da sociedade civil organizada no processo.
A licitação, segundo cronograma da Artesp, está prevista para junho deste ano, mas sem data específica.
Entenda o caso
No dia 9 de abril, milhares de pessoas que moram em bairros e cidades no entorno da Rodovia Raposo Tavares foram surpreendidas pela notícia — no jornal O Estado de S. Paulo — de que o governador pretende implementar um projeto intitulado Nova Raposo.
O projeto amplia as pistas da rodovia, instala seis pontos de pedágio e implanta viadutos, túneis e valas viárias. Desde o Alto de Pinheiros até Cotia, residências e estabelecimentos serão desapropriados, e vastas áreas permeáveis, de contenção de enchentes, vão sumir do mapa. Na região do Butantã, milhares de árvores cinquentenárias serão derrubadas. O valor previsto da obra é de R$ 9 bilhões.
“Num momento de grave crise climática e contrariando todas as tendências mundiais em sustentabilidade, que preconizam o transporte público de massa, a preservação das áreas verdes, ciclovias e uma série de soluções para reduzir a emissão de carbono e a temperatura, o governador Tarcísio almeja o progresso rodoviarista ultrapassado, enquanto investimento deveria ser em transporte público”, afirmam no abaixo-assinado.
Apenas duas audiências públicas foram realizadas até o momento, com divulgação restrita ao Diário Oficial, uma em Vargem Grande e outra no DER (Departamento de Estradas de Rodagem, com menos de dez participantes. “O projeto sequer conta com um engenheiro responsável e com um estudo de impacto ambiental”, completa Fabiola Lago, da Rede Ambiental Butantã.
Para o conselheiro do Conselho Participativo Municipal, Ernesto Maeda, “trata- se de um absurdo que um projeto de tamanha dimensão, com imenso impacto em todo o território de sua influência, inclusive com previsão de implantação de pedágio dentro de área urbana consolidada não tenha participação popular e de especialistas”.
Martha Pimenta, da Rede Butantã, movimento que atua na região há mais de 20 anos, argumenta que é “fundamental ter mecanismos de consulta que permitam a participação da população que tem ainda acesso difícil e restrito à Internet, passa duas horas no ônibus só na Rodovia Raposo Tavares para trabalhar no centro, sempre congestionada com carros com um único tripulante. Faz 20 anos que pedimos a faixa exclusiva de ônibus e nada foi feito, por exemplo”.
Saiba mais no Instagram do movimento “Nova Raposo, Não!”: https://www.instagram.com/novaraposonao