O que há por trás do suicídio?

Kiko Rieser, dramaturgo e diretor de teatro, usa vivências como inspiração para a criação de Átimo, que traz a investigação de uma arquiteta em torno de um vizinho que pulou de prédio.

Recentemente, dois alunos secundaristas do colégio particular Bandeirantes, um dos mais tradicionais de São Paulo, se suicidaram (em um intervalo de duas semanas entre o primeiro e o segundo). Os casos vêm gerando debates e preocupações. Os questionamentos giram em torno da pressão escolar sobre os alunos, depressão e outros sinais que levariam os jovens a cometerem o ato. A partir dos ocorridos, o colégio organizou ações para lidar com as tragédias e também espaços mediados de reflexão e conversa, em uma tentativa de prevenir outros casos e acalmar os ânimos de todos da comunidade escolar.
O suicídio, mais do que uma questão psicológica, é também um fenômeno social, como afirmou o francês Émile Durkheim. Segundo a teoria do sociólogo, as causas para todos os tipos de suicídio são sociais, de forma que o interessante é a análise de todos os processos que afetam o grupo, e não só os fatores que atingem os indivíduos isoladamente. A discussão do tema nunca foi tão relevante, já que de acordo com o primeiro boletim epidemiológico sobre suicídio do Ministério da Saúde, divulgado em setembro de 2017, o número de casos no Brasil aumentou 12% em quatro anos.
O assunto é abordado na obra “Átimo”, publicada pela Editora Instante e escrita por Kiko Rieser, autor, dramaturgo, diretor de teatro e, além de tudo isso, um exemplo de superação. O livro conta a história de Lígia, uma jovem arquiteta que ao saber do suicídio de um vizinho, passa a se envolver com reflexões cada vez mais profundas sobre o sentido da vida.

O que há por trás do suicídio?
Kiko Rieser, dramaturgo e diretor de teatro, usa vivências como inspiração para a criação de Átimo, que traz a investigação de uma arquiteta em torno de um vizinho que pulou de prédio
Dados obtidos pela pesquisa Mapa da Violência 2017 do Sistema de Informações de Mortalidade (SIM) do Ministério da Saúde revelaram que a taxa de suicídio na população brasileira entre 15 e 29 anos aumentou 10% entre os anos de 2002 e 2014. O crescimento também revela uma maior abertura para se falar do assunto nos tempos atuais. Antes considerado um tabu, hoje o suicídio é, inclusive, tema da famosa série do Netflix, “13 Reasons Why”.
Quem também resolveu falar sobre o assunto foi Kiko Rieser, dramaturgo, diretor e produtor de teatro, em Átimo, seu novo livro publicado pela Editora Instante. Com texto de quarta capa do também escritor Santiago Nazarian, a obra traz a história de Lígia, uma jovem arquiteta, que faz de tudo para investigar a morte do vizinho do bloco da frente, Cássio, que se jogou do prédio. Após ser chamada para depor na delegacia como possível testemunha do caso, passa a se envolver demais com os amigos e familiares de Cássio a ponto de começar a frequentar o apartamento dele. E quanto mais mergulha na vida do vizinho, mais se encanta pelo homem que nunca iria conhecer. Presa ao passado, se apega ainda mais à ideia do próprio suicídio.
Os livros, os discos, ele gostava das mesmas coisas que eu. Nada que mostrasse incompatibilidade entre a gente. Pelo contrário, se a gente tivesse se conhecido, provavelmente teríamos virado amigos. Ou mais que amigos.
Como num jogo de espelhos, Átimo propõe uma trama de reflexos e projeções, no qual a protagonista acaba se voltando para si, numa autoanálise dolorosa, em busca de explicação para o desejo de dar cabo da própria vida. O primeiro romance do diretor e produtor de teatro Kiko Rieser, publicado pela Editora Instante, prende o leitor do início ao fim em uma narrativa ambientada na capital paulistana que reflete sobre a morte, a vida, a solidão urbana, as falsas aparências, o apego ao passado, entre outros temas.
O livro pode ser adquirido pelo site www.editorainstante.com.br .

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