Infelizmente, Ano Novo, política velha! É desolador o artigo da Veja (3/1/2018) “Feliz ano velho”, que não prevê renovação alguma de caras ou idéias nas eleições de 2018. As pesquisas de intenções de voto são surpreendentes pela sua contradição: a maioria que aponta Lula e Bolsonaro como preferidos para a Presidência é a mesma que apresenta a maior rejeição pelo populista hipócrita e o conservador militarista. Isso se explica porque a massa popular ainda não encontrou uma terceira via, o caminho certo para a construção de uma democracia de verdade.
Nenhum partido ou pessoa nova na política está conseguindo pôr-se em evidência, pois as velhas raposas dos partidos tradicionais simplesmente não deixam. Aos novos aspirantes não é dado dispor de fundo partidário, de tempo de televisão, da maquina do Estado que sustenta viagens (e outras despesas). Eles não tem o poder de trocar favorecimento em contratos empresariais pelo financiamento de campanhas. Faltam-lhes também currais eleitorais formados por familiares de funcionários públicos sem concursos ou apadrinhados, que agem como cabos eleitorais, distribuindo esmolas em troca de votos.
Nosso problema, portanto, não é pessoal mas institucional. Não adianta trocarmos de Presidente, se não mudarmos a idéia e o sistema de fazer política, passando a considera-la como vocação e não profissão para ganhar dinheiro. Não há democracia que dure muito tempo se o Estado for governado por políticos corruptos, pois eles dão exemplos de desonestidade, que fomentam injustiça e desordem social, que provocam violências e intervenções militares. E a maioria de nossos parlamentares (deputados e senadores) está indiciada por desvios éticos, especialmente relacionados com sua eleição.
Ainda mais grave é a impunidade, que denuncia o fracasso também do sistema jurídico, especialmente com relação aos crimes de colarinho branco, pelos inúmeros recursos a instâncias superiores, Notório é o caso de Paulo Maluf que, há mais de uma década e várias vezes condenado nacional e internacionalmente, ainda continua exercendo o cargo de Deputado Federal. Entre os Três Poderes da nossa República não há independência, mas conluio, acordos para defenderem interesses de suas corporações. Cabe ao eleitor, pelo seu voto, fazer justiça não reelegendo gente desonesta ou incompetente. Tal consciência de cidadania deveria ser instilada no povo pela imprensa, redes sociais, novos movimentos e partidos, conversas entre familiares e amigos. Não adianta apenas culpar os políticos: precisamos nos sentir corresponsáveis pelo destino de nosso País!