Show de talento e simpatia

Confira a entrevista com a banda Fat Family, capa da nossa edição de julho de 2018.

“Oh baby, dance, dance, dance… mexendo assim, não pare, pare, pare…”. Com certeza, você, neste momento, está cantarolando e tentando balançar o pescoço de um lado para o outro. Certo? Pois o hit Jeito Sexy, do Fat Family, embalou os bailes e esteve entre os Top Ten das rádios, no fim da década de 1990. O grupo, na época formado por sete de nove irmãos, chamou a atenção do país pela voz potente e pelo peso pesado dos cantores, que se inspiraram nas bandas vocais norte-americanas do estilo gospel. Após algumas mudanças de integrantes, que incluíam a mudança de fat para quase fit, o Fat Family ficou um tempo longe da mídia e se dedicou à carreira gospel. Em 2016, voltou aos palcos e lançou a canção de trabalho Mexe esse Pescoço Aí, que contou com a participação do ator e cantor Tiago Abravanel.

Donos de hits que marcaram toda uma geração, os irmãos Celinho, Simone, Suzete, Kátia e Deise receberam nossa equipe para um bate-papo descontraído, relembrando momentos da carreira, falaram sobre preconceito e saúde e, claro, contaram sobre a década em que moraram na Granja Viana. Sem dar mais detalhes, eles prometem agitar o público e colocar todo mundo para dançar na comemoração dos mais de 20 anos de carreira. Vem novidade por aí! Com vocês, o show de talento de simpatia do Fat Family, os gordinhos que caíram na graça de adultos e crianças pelo talento das vozes e das coreografias sincronizadas.

Por onde andavam os irmãos que embalaram o Brasil no fim dos anos 1990?

Suzete: Bem, a gente não parou um minuto, desde que iniciamos.

Celio: Não fomos afastados da mídia, o fato é que estávamos havia um tempo sem gravar. Não queríamos mais cantar só a mesma música.

Suzete: Sim, estamos há 14 anos sem gravar um CD. Mas durante esse período nos convertemos e começamos a receber diversos convites de igrejas.

 

Foi o início de uma carreira gospel?

Suzete: Na verdade, não é bem uma carreira gospel, pois nem chegamos a gravar discos gospel. Mas com o milagre que vivemos com nosso pai, que passou por um transplante de coração, recebemos muitos convites para participar de cultos e contar o que Deus tinha feito em nossa vida. Aí foram surgindo os shows nas Igrejas, em casamentos… Mas, paralelamente, continuamos a fazer alguns shows do Fat Family mesmo.

 

Vocês foram um verdadeiro fenômeno da música no fim dos anos 90. Seus álbuns ultrapassaram a marca de 2 milhões de cópias vendidas… Conte-nos um pouco desta trajetória. Como surgiu Fat Family?

Suzete: Somos a terceira geração de músicos. Meus avós tinham um grupo com os irmãos. Meus pais com os irmãos dele. Aliás, meu pai era o único que cantava, os demais tocavam.

Deise: A paixão pela música vem de família. Nosso pai teve um conjunto, Os Reais, e íamos aos shows. Tomamos gosto pela música.

Celio: Crescemos em uma família humilde e grande, onde imperavam o amor, a alegria e muita música. Comecei tocando e cantando em barzinhos.

Suzete: Cresci no meio de vários irmãos e tudo terminava em música em nossa casa, lá em Sorocaba. Muitos de nós já cantavam em bares, restaurantes e pizzarias. Aí nos reunimos e formamos um grupo.

 

Vamos começar pelo início: como aconteceu o boom de “Jeito Sexy”?

Celio: O interessante é que não foi primeiro no Brasil, pois na época era difícil a abertura para um estilo novo por aqui. Então a gravadora levou nosso trabalho para ser lançado, a princípio, em Portugal, e eles gostaram muito dos gordinhos!

Suzete: É, nós ficamos durante um ano gravando o primeiro CD. Assinamos contrato com a gravadora e eles estavam com dificuldade em nos lançar no Brasil. O mercado era fechado para a gente, pois nosso estilo era uma novidade. Era a época do boom do pagode. Aí fomos lançar em Portugal e, quando voltamos, nossa música estava tocando pra caramba.

 

Como foi a receptividade além-mar?

Suzete: Super legal! Quando chegamos ao aeroporto, já tinha uma galera nos esperando, com cartazes e tudo o mais. Foi impactante. Uma emoção única de estar em cima do palco e cantar ao vivo ali. Portugal foi o primeiro passo. Pensa chegarem lá sete gordinhos… Tudo negro. Gordinhos não, gordos mesmo (risos).

 

Vocês superaram barreiras: de uma família humilde ao estrelato. Além disso, como a maioria dos negros e dos obesos, devem ter sofrido muito preconceito. Quais foram as dificuldades enfrentadas?

Suzete: Antes da fama, sofremos muito preconceito. Depois da fama, não. Depois que se torna famoso, não tem cor, não tem raça… o preconceito some. Mas nós quebramos muitas barreiras e servimos de exemplo. Quando surgimos, outras pessoas passaram a ter uma autoestima melhor. Foi bem positivo.

 

Vocês imaginavam ter o sucesso que tiveram?

Suzete: Nunca. Éramos do interior e não tínhamos muita noção em relação às coisas da cidade grande (risos). Quando vimos aquela agenda e os diversos programas, shows, eventos, participação… Aquilo tudo era uma diversão. Para a gente, nunca foi estressante o trabalho. É uma coisa prazerosa: fazer o gosta e ainda ganhar por isso.

Katia: É mesmo! Nós amamos cantar! Eu canto para os meus filhos em casa. Resumindo: tudo termina em música. Mas o que me faz sentir realizada é quando estou em cima do palco com meus irmãos e nossa música encanta o público.

Suzete: A gente nunca pediu férias e continuamos curtindo da mesma maneira. Os filhos nos acompanham, dormem na van, ficam no camarim…

 

Falando em filhos, pelo visto, o talento é de família. Talita, filha da Deise, foi uma das finalistas do The Voice Kids. Tem mais talentos na família?

Kátia: Sim. Eu tenho 3 adolescentes que estão envolvidos com a música.

Suzete: Meu filho, que tem 7 anos, ama e toca bateria. Em algumas apresentações nossas, deixamos que ele participe porque ele pede.

Celio: Meu filho também é músico e lê até partitura.

Suzete: E tem a Talita, que mostrou que é a quarta geração mesmo e que o talento vem de família.

Deise: Na verdade, surpreendeu a todos nós. Minha filha era tímida e, aos poucos, foi se soltando. Nunca tinha cantado sozinha, sempre comigo…

Suzete: Mas ele chegou fazendo o que sabia: cantar mesmo. Aliás, hoje somos conhecidos como os tios da Talita (risos).

 

O que mudou do começo da carreira até aqui?

Suzete: Ah, muita coisa. Desde o momento em que fomos lançados na TV, passamos a ser reconhecidos na rua. Éramos do interior de São Paulo, viajamos o Brasil inteiro e ganhamos o carinho do público. Fomos para Japão, Portugal e muitos outros países onde éramos acolhidos com muito carinho.

Kátia: E sempre ensinando a dança do pescocinho, que é nossa marca (risos).

Celio: O assédio mudou um pouco porque ficamos um tempo afastados da grande mídia. As pessoas com mais de 30 anos nos reconhecem mais e também há alguns jovens, porque a família apresentou o Fat Family e eles gostaram. Novas gerações vão nos conhecendo.

Suzete: Desde abril, fechamos uma agenda com os CEUs e estamos encontrando um público jovem, bem animado, que nos conheceu agora. E isso, para nós, tem sido uma surpresa. Não esperávamos ver tanta criança na plateia, foram os pais que nos apresentaram a eles.

 

Relembrem um grande momento da carreira.

Simone: Lembro como se fosse hoje o dia em que tocou na rádio a nossa primeira música. Que emoção!

Suzete: Foi muito emocionante! Estávamos todos juntos, indo para um compromisso, dentro de uma van, e do nada começamos a nos ouvir cantando no rádio. Pensamos: nossa, aconteceu!

 

Quem os inspira?

Celio: A minha inspiração sempre tirei dos grupos americanos…

Deise: Whitney Houston, Chaka Khan, Aretha Franklin, James Brown e outros.

Suzete: Ah, muita gente nos inspira. Não dá para definir uma só. Muita música internacional. Muita música nacional. Nas nossas festas tocam de tudo.

 

Como vocês veem o cenário da música brasileira? O mercado está mais aberto ao novo agora do que quando vocês começaram a carreira?

Suzete: Hoje é diferente. Há mais liberdade, porque as mídias digitais estão aí e há diversas possibilidades de divulgar o seu trabalho. Hoje, tá doce (risos).

 

Dá para viver de música no Brasil?

Suzete: O primeiro passo é ter profissionalismo. Responsabilidade. Comprometimento. Com isso, acho que todo trabalho tende a te dar estrutura, independentemente do tipo. Porque oportunidade passa, mas depois não volta. Então é a oportunidade. É o seu momento? Então, curta para caramba. Faça direitinho. Trabalhe legal.

Foi com esse pensamento que começamos: o que vamos levar para o público? Por isso, levamos muita alegria. Mensagem de família. Ter uma letra agradável que todo mundo possa ouvir. Esta é a nossa preocupação.

 

Hoje vocês não estão mais fat. Juntos, vocês eliminaram mais de 200 kg.

Suzete: Ah, muito mais… Cada um perdeu, pelo menos, 40 kg. Fizemos a (cirurgia) bariátrica, só a Deise que não. Além do medo, ela tinha acabado de ganhar a Talita. Nós fizemos pensando na saúde, porque os anos vão passando, a idade chega e não dá para brincar, né?

Celio: Não estamos no estágio fitness, porque ele avança mais rápido do que conseguimos alcançar (risos). Perto do que éramos antes, estamos bem transformados. Nem magrinhos, nem tão gordinhos. Estamos no meio-termo.

Katia: Olha, sou extremamente vaidosa. Amo maquiagem e estou sempre antenada em informações sobre moda. Em 2005, eu fiz a cirurgia e, desde então, tenho uma vida mais saudável e sempre atenta à boa alimentação.

Simone: Eu fiz dois anos depois, em 2007, e posso dizer que sou uma nova mulher, com a autoestima renovada. Procuro me cuidar e levar uma vida saudável.

 

Quais antigos hábitos tiveram para manter a forma?

Suzete: Nós não comemos a mesma quantidade de antes, mesmo que gente queira ou esqueça. Comemos de tudo, mas em porções menores. Academia seria legal fazer, mas estamos apertados por conta dos horários e ensaios. Então, fechamos a boca mesmo, mas nem sempre é fácil por conta da mente. (risos)

 

Em 2016, vocês lançaram o single “Mexe Esse Pescoço aí”, com a participação de Tiago Abravanel.

Suzete: Tiago é um fofo. Sempre que a gente se encontra é uma bagunça, nos damos muito bem. Então, a dancinha do pescoço nos acompanhou durante todos esses anos. Até hoje, as pessoas nos pedem: mexe o pescoço aí. Aí surgiu o single “Mexe o pescoço aí”, é uma brincadeira para os mais velhos lembrarem e os mais novos nos conhecerem.

Celio: Ficamos conhecidos pela coreografia do pescoço, sempre amei ensinar essa dança em todos os lugares por onde passamos. Como marcou muito a nossa carreira, o single faz uma referência aos tempos antigos, trazendo a memória para aqueles que conheceram, na época, e mostrando para a nova geração conhecer.

Celio: A minha inspiração sempre tirei dos grupos americanos…

Quais são os planos futuros?

Suzete: Estamos planejando Live Sessions, onde vamos cantar todos os nossos sucessos e contar com a participação de alguns outros artistas. Será uma coisa bem legal para matar a saudade de quem nos ouviu há 20 anos.

Celio: Nós queremos fazer um DVD trazendo os sucessos que marcaram e músicas novas também. E teremos convidados especiais, mas ainda não podemos contar quem (risos).

Simone: Estou pronta, renovada e inspirada para celebrar nossos próximos anos com muita música de qualidade. E, claro, disposta a animar o público com muita energia e alegria.

Katia: Essa nova fase que chegou com a celebração dos 20 anos é um presente para nós. E que venham todos os novos shows, novas músicas, novos encontros…

Celio: Nossa agenda está aberta para viajar o Brasil e o mundo. Onde chamarem, a Fat Family vai.

Suzete: Estamos bem entusiasmados, querendo trabalhar mesmo. Queremos ainda mais brilho no olhar. Músicas novas e alegria, sempre na companhia dos meus irmãos nos palcos.

 

De Sorocaba para o mundo. Vocês moraram por um tempo na Granja Viana e, inclusive, foram nossos entrevistados no primeiro ano da Circuito. Por que a Granja?

Suzete: Não podíamos tirar nossos pais do interior para qualquer lugar. Aí escolhemos a Granja Viana, pela tranquilidade do lugar e proximidade de São Paulo. Nós moramos 14 anos ali e a família do Wladimir (ex-lateral do Corinthians Wladimir Rodrigues dos Santos) foi a primeira com quem tivemos contato. O Gabriel, seu filho, andava conosco para cima e para baixo. Mas depois que cada de nós casou e se mudou, nossos pais voltaram para Sorocaba. Mas temos as melhores recordações do nosso tempo de Granja Viana. A Clodine (viúva do Jair Rodrigues) é nossa amiga e, mesmo não morando mais na Granja, frequentávamos bastante seu restaurante.

Deise: E recentemente estivemos na região, quando Talita fez uma apresentação no Shopping Granja Viana.

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