As vendas de imóveis usados na cidade de São Paulo cresceram 36,89% em agosto comparado a julho impulsionadas por um aumento no número de financiamentos bancários e nos descontos que os donos das casas e apartamentos concedem normalmente sobre os preços iniciais de venda de suas propriedades.
O aumento das vendas se refletiu nos preços dos imóveis, que aumentaram em média 2,79% em agosto.
A pesquisa feita com 320 imobiliárias da Capital pelo Conselho Regional de Corretores de Imóveis do Estado de São Paulo (Creci-SP) também apurou um aumento de 40,28% em julho para 48,42% em agosto nas vendas financiadas por bancos públicos e privados.
A maioria dos compradores (51,58%) pagou à vista. Não houve registro de venda por meio de consórcio ou com pagamento parcelado pelos proprietários.
Os descontos variaram conforme a localização dos imóveis. Na Zona B, que reúne bairros como Sumarezinho e Pinheiros, a média ficou em 9,63%, percentual 110,72% maior que o desconto médio de 4,57% registrado em julho.
Na Zona E, que agrupa bairros mais afastados do Centro como Campo Limpo e Cangaíba, o desconto médio em agosto foi de 8,25%, ou 33,06% a mais que os 6,2% de julho.
Em bairros como Socorro e Veleiros, na Zona D, o desconto médio sobre os preços de venda teve alta de 22,86% ao passar de 7% em julho para 8,6% em agosto.
Já na Zona A, onde estão bairros como Ibirapuera e Moema, o desconto médio caiu praticamente à metade – de 10,67% para 5,47%. O desconto diminuiu também na Zona C, de 8,29% para 7,38%, uma redução de 10,98%. É nessa zona de valor que estão bairros como Água Branca e Barra Funda.
“A decisão dos proprietários de abrir mão de parcela maior do valor de seus imóveis funcionou e se provou um poderoso estímulo de venda”, declara José Augusto Viana Neto, presidente do Creci-SP, ao destacar que 50,53% dos imóveis vendidos na Capital em agosto são das Zonas B, D e E.
Além dos descontos maiores e do aumento dos financiamentos, ele lembra que a base de comparação precisa ser levada em conta.
“Julho é mês de férias e houve por isso uma redução natural no volume de negócios fechados pelas imobiliárias que o CRECISP consultou, o que fez subir significativamente o resultado de agosto ao se compará-lo com o do mês anterior”, diz Viana Neto. O índice de vendas subiu de 0,2169 para 0,2969 no período.
O presidente do Creci-SP destaca também o aumento da participação de outros bancos que não a Caixa Econômica Federal (CEF) nas vendas de imóveis usados em agosto.
A Caixa Econômica Federal financiou 23,16% do total e os bancos privados e outros estatais, 25,26%. Ele torce para que essa inversão indique maior disposição e tendência desses bancos em ampliar a atuação no mercado de crédito imobiliário: “Quanto mais opções e concorrência entre eles, mais e melhores condições de acesso aos financiamentos terão os interessados em comprar sua casa própria.”
No acumulado de janeiro a agosto, as vendas de imóveis usados na Capital paulista têm saldo positivo de 84,27%, sendo agosto o segundo mês com melhor resultado de vendas – o primeiro foi fevereiro, em que a pesquisa CRECISP registrou crescimento de 55,63% sobre janeiro.
Os usados mais vendidos
Preço final de até R$ 500 mil. Esses foram os imóveis usados mais vendidos em agosto na cidade de São Paulo, segundo a pesquisa feita pelo Creci-SP com 320 imobiliárias.
As casas e apartamentos nessa faixa de preço representaram 54,74% das vendas formalizadas por elas. Os compradores preferiram os apartamentos (76,84% do total) às casas (23,16%). Na distribuição das vendas por faixa de preço médio, a maioria custou até R$ 6.000,00 o metro quadrado.
O preço que mais aumentou em agosto foi o de apartamentos de padrão médio com mais de 15 anos de construção em bairros da Zona A. A alta foi de 53,86%, com o preço médio do metro quadrado subindo de R$ 6.333,33 em julho para R$ 9.744,15 em agosto.
O preço que mais caiu nesse período foi o de casas de padrão médio com tempo de construção entre 8 e 15 anos e localizadas em bairros da Zona E – redução de 31,42%. O preço médio caiu de R$ 4.666,67 em julho para R$ 3.200,00 em agosto.
Segundo a pesquisa do Creci-SP, os imóveis mais vendidos na Capital foram os de padrão médio (73,68% do total); depois vieram os de padrão standard (21,05%) e os de padrão luxo (5,26%). As propriedades desse padrão foram líderes de venda nas zonas A (17,89%), B (24,21%), C (17,89%) e E (10,53%). Na Zona D, a liderança ficou com os de padrão standard (5,26% do total).
Locação residencial cresce pelo segundo mês seguido na Capital
A locação de casas e apartamentos cresceu 8,94% em agosto na Capital depois de registrar expansão de 5,48% em julho. Esses dois meses seguidos de alta elevaram o saldo positivo acumulado este ano para 29,6%, segundo a pesquisa que o Creci-SP fez com 320 imobiliárias. Apesar da alta, o aluguel médio baixou 0,95% em agosto sobre julho.
Elas alugaram em Agosto 55,44% em apartamentos e 44,56% em casas. A maioria dos novos inquilinos – 53,16% deles – optou por casas e apartamentos com aluguel mensal médio de até R$ 1.200,00.
As imobiliárias acusaram crescimento no número de imóveis devolvidos por inquilinos, especialmente devido a motivos financeiros (51,45% o fizeram por esse motivo).
As unidades que voltaram aos portfólios das imobiliárias foram em número 6,94% superior ao das novas locações de agosto.
O aluguel que mais aumentou foi o de apartamentos de 4 dormitórios em bairros da Zona C. Eles eram alugados em média por R$ 2.666,67 em julho, valor que subiu para R$ 3.341,50 em agosto, uma alta de 25,31%.
As informações levantadas pela pesquisa do Creci-SP mostram que foram as casas de 1 dormitório em bairros da Zona B que tiveram a maior redução do aluguel médio, de 34,11%. O aluguel desse tipo de imóvel caiu de R$ 1.435,00 em julho para R$ 945,45 em agosto.
O fiador pessoa física foi adotado como forma de garantia de pagamento em 49,02% dos contratos, seguido pelo depósito de três meses de aluguel (29,64%), pelo seguro de fiança (15,13%), pela caução de imóveis (4,56%), pela cessão fiduciária (0,93%) e pela locação sem garantia (0,73%).
A Zona C foi onde mais se alugaram imóveis em agosto (43,42% do total); depois vieram a Zona D (24,15%); Zona E (13,26%); Zona B (12,33%); e Zona A (6,84%).
Inadimplência em baixa
A inadimplência atingiu 6,11% dos inquilinos com contratos nas 320 imobiliárias pesquisadas pelo Creci-SP em agosto. Esse número é 7% menor que os 6,57% que estavam com o aluguel atrasado em julho.
Já o número de ações judiciais teve forte crescimento, conforme pesquisa feito pelo nos Fóruns da Capital.
Eles receberam em agosto 2.144 ações de proprietários e inquilinos, número 30,33% superior às 1.645 ações de julho. Essa alta foi puxada pelas ações de rito sumário, cujo número passou de zero em julho para 536 em agosto.
As ações ordinárias, que são as de despejo do inquilino, tiveram aumento de 3,13%, passando de 96 em julho para 99 em agosto.
As ações renovatórias, que são as propostas para renovação compulsória de contratos comerciais com prazo de cinco anos, somaram 80 em agosto, 14,29% a mais que as 70 de julho.
Houve queda de 3,19% no número de ações por falta de pagamento do aluguel. Foram 1.472 em julho e 1.425 em agosto.
As ações consignatórias, que são as referentes a discordâncias sobre os valores de aluguéis ou encargos, com opção do inquilino pelo depósito em juízo, somaram 4 em agosto – número 42,86% menor que o de julho, quando foram apresentadas 7 ações desse tipo nos fóruns da Capital.