Nos últimos tempos, moradores de Cotia, especificamente entre os residenciais Parque Rizzo II e Villa D’Este, têm notado a presença de capivaras circulando pelas ruas. Essas grandes roedoras, embora pacíficas, levantaram preocupações sobre os riscos à saúde pública, como a transmissão de doenças, incluindo a Febre Maculosa Brasileira. Para entender melhor a situação, conversamos com o biólogo Ricardo R. Cabrera, coordenador técnico do Setor de Animais Sinantrópicos da Divisão de Vigilância Ambiental.
De acordo com Cabrera, a presença das capivaras, que têm aparecido com frequência na região, pode aumentar o risco de transmissão de doenças. O biólogo – que já escreveu artigo sobre o tema – explica que o ciclo de vida dos carrapatos, principais vetores da Febre Maculosa, envolve múltiplos hospedeiros, incluindo animais domésticos e silvestres. “A aproximação de capivaras expõe as pessoas a riscos como atropelamento, mordeduras e, potencialmente, a Febre Maculosa. Porém, a transmissão não é tão simples, pois depende de uma série de fatores, como a contaminação do animal e a espécie do carrapato”, esclarece.
Além da Febre Maculosa, as capivaras também podem ser reservatórios de outras doenças, como Leishmaniose, Chagas e Raiva. “A perda de áreas preservadas desequilibra a convivência entre animais e humanos, aumentando as chances de incidentes”, acrescenta.
O especialista lembra que as capivaras são protegidas por leis ambientais e que o melhor manejo é garantir que elas permaneçam em áreas naturais, longe das residências e rodovias. Quando há suspeita de doenças, a Vigilância Epidemiológica de Cotia age rapidamente, realizando visitas ao local e investigações acarológicas para identificar carrapatos e possíveis hospedeiros infectados.
Cotia, até o momento, é considerada uma área silenciosa, sem registros de casos de Febre Maculosa, mas isso não diminui a necessidade de precaução. “A prevenção é o melhor caminho. Evitar contato direto com as capivaras, manter o gramado aparado e os animais domésticos dentro das propriedades são medidas simples e eficazes”, alerta Cabrera. Ele também sugere a instalação de barreiras físicas, como cercas, para limitar o acesso desses animais aos condomínios.
Em termos de manejo populacional, as capivaras estão amplamente distribuídas por toda a América do Sul, e suas populações tendem a crescer em áreas com gramados e fontes de água próximas, como em Cotia. Cabrera menciona que, apesar das preocupações, não há métodos eficazes para o controle populacional desses animais, e a translocação, ou seja, o deslocamento das capivaras para outras áreas, não é recomendada devido ao risco de desestabilização dos grupos e possível propagação de doenças.
As autoridades de Cotia seguem monitorando a situação e reforçam a importância da conscientização dos moradores sobre os riscos associados à presença desses animais.
Notificações sobre o aparecimento de capivaras ou carrapatos podem ser feitas por e-mail ou telefone ao setor de Vigilância Ambiental.
Endereço: Av. Prof. Manoel José Pedroso, 1565 – 4º
andar – Pq. Bahia – Cotia/SP
Telefone: 4616-6493
E-mail: [email protected]
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