Hoje, 19 de abril, em todo o Brasil é comemorado o Dia do Índio, apesar de na prática, não temos muito a celebrar. Tribos foram dizimadas, perderam suas terras, foram expulsas de suas terras, tiveram suas tradições e língua quase que extintas e o que restou não mal garante a perpetuação de sua história.
Por outro lado, muitos índios fugiram de suas tradições e esqueceram a sua cultura preservacionista, explorando o que sobrou de suas terras de forma errada, promovendo a degradação ambiental.
Isto tudo sem citar tribos que vivem em situação de miséria, sem estrutura básica para sobreviver como educação, saúde, segurança e alimentação.
Nem sempre foi assim. Conversamos com João Barcellos, 64, um dos mais respeitados e conceituados historiadores da região, autor de vários livros sobre o assunto.
De acordo com João, em Cotia as tribos tiveram duas fases: uma no sertão carapocuhybano, até final do Séc. 16, outra (e até hoje), no sertão itapecericano.
“As informações que temos é da velha Acutia, ou Koty, na linguagem nativa foi um núcleo Guarani. Entres as tribos assentes na região da periferia do planalto piratiningo destacaram-se a Guarani e a Tupi”, afirma o historiador.
Durante o Século 16 estima-se que cerca 1 milhão de nativos viviam entre o litoral e o sertão dito hoje paulista.
João afirma que também, na região deve-se destacar que um ramo dos guaranis já habitava a aldeia Caucaia, na serra Paranapiacaba, e que essa aldeia foi incorporada em 1717 à Paróquia de Nossa Senhora do Monte Serrat da Acutia.
“Tinham cultura própria além de uma religiosidade mágica. A arte de tecer objetos domésticos como cestos e redes de descanso, produzir peças cerâmicas ornamentadas e peças fúnebres. Também, cultivavam mandioca e algodão, entre outros produtos”, declara.
Mas tudo começou a mudar com o processo de extinção deu-se com a colonização e a catequização cristã. “A colonização foi luso-católica, porque era do interesse do Vaticano a expansão da Igreja junto à odisseia caraveleira de portugueses e de castelhanos”, diz Barcellos.
Houve migração. No caso guarani, a migração foi continental, ou seja, da Amazônia para o litoral, e da cordilheira dos Andes para entre as serras da Paranapiacaba e da Jaguamimbaba, no que se estabeleceu o Piabiyu (ou Peabiru), o caminho sagrado desse povo.
Mas ainda há tribos na região. “Existem guaranis ainda no Pico do Jaraguá e no litoral santista”.
Ao término de nossa entrevista, João ressaltou que não existem “índios” no Brasil. O termo foi cunhado por um ignorante chamado Colombo que, tendo arribado à América. “Pensou estar na Índia, e logo nomeou as tribos de ‘índios’, erro que, infelizmente, persiste até nas academias”, finaliza o escritor.