Milenna Saraiva nasceu no meio de uma família musical, onde todos tocavam algum instrumento e cantavam. Seus pais estimulavam a criatividade e expressões artísticas. Desde bem pequena, já desenhava. Na escola, fazia caricaturas de professores e acabava de castigo na sala do diretor. Até que uma professora de artes, vendo seu talento, a convidou para sua primeira exposição. Três desenhos grandes foram emoldurados e levados para uma galeria, onde estudantes de várias escolas e idades também tinham suas obras expostas. Naquele momento, ela sabia que queria ser artista. “Era uma criança tímida e encontrava nas artes uma forma de melhor me expressar”, lembra.
Formou-se em 2004 pelo Santa Monica College, na California, Estados Unidos, em Artes Plásticas. Após a graduação, a convite da universidade, fez uma especialização em pintura em um programa chamado The Mentor Program, onde estudou com renomeados artistas e professores, como Linda Lopes, Nathan Otta, Mark Trujillo, Ron Davis e Sharon Kagan.
“Em 2012, comecei a sentir muita falta de pertencer a algum lugar, da minha família e dos amigos. Eu estava fora já há 14 anos. Era muito americana para o meu país, mas sempre seria muito brasileira em Los Angeles. Assim, decidi voltar para São Paulo e, começando
do zero aqui, dei início à minha carreira artística no Brasil”, conta. Fez um curso de pós-graduação em Pintura Contemporânea na FAAP (Fundação Armando Alvarez Penteado),
correu atrás, batalhou, estudou muito… “o resto é história, que já faz parte da minha biografia”, diz. “Sempre digo a artistas iniciantes que a arte é um investimento a longo
prazo. Viver dela requer muita dedicação, estudo e amar muito todo processo de criação”, completa.
Apesar de ter a experimentação como parte fundamental de seu processo artístico, sua paixão está perto de uma tela. Por isso, escolheu a pintura como principal forma de expressão. “Pintar é o meu jeito de propagar emoções, sentimentos e opiniões, através de formas, cores e narrativas. O meu trabalho se tornou uma ferramenta para narrar minhas experiências em parábolas. As minhas telas refletem a minha mitologia pessoal”, resume.
Vê a arte – “todas elas”, frisa – como algo essencial. “Durante a pandemia percebemos
que não podemos viver sem. Seja assistindo filmes, lendo livros, nas roupas que vestimos ou nas obras que decoram nossas casas. Como Nietzsche sabiamente disse, temos a arte para não morrer ou enlouquecer perante a verdade”, finaliza.
Por Juliana Martins Machado