Uma área de aproximadamente 800 mil metros quadrados, equivalente a 80 campos de futebol, localizada na altura do km 26 da Rodovia Raposo Tavares, ao lado do Pequeno Cotolengo, tornou-se foco de debates sobre degradação ambiental e mobilidade na Granja Viana.
O terreno foi vendido, em 2014, pela instituição beneficente Pequeno Cotolengo para Cyrela, que tinha planos de construir condomínios. No entanto, a incorporadora desistiu do projeto e, em seguida, o terreno foi vendido à uma multinacional especializada em soluções imobiliárias logísticas.
A Prologis, que já possui outro galpão em Cotia, na altura do km 39, está à frente da construção do Prologis SP 26, um condomínio que prevê o desenvolvimento de três grandes blocos para locação de galpões e centros de distribuição.
A construção já gera questionamentos da comunidade sobre seus impactos na qualidade de vida dos moradores da região, especialmente pela eliminação de parte da vegetação e pelos potenciais impactos no trânsito local.
Em 2021, quando se discutia o projeto de mobilidade da Rodovia Raposo Tavares, uma das contrapartidas para a empresa que assumisse o terreno era realizar obras para melhorar a mobilidade na região e, entre elas, estava a construção de uma via para ligar o Parque São George ao São Paulo II.
Na época, o projeto foi apresentado pelo então secretário de Habitação Sérgio Folha. A via começaria na Avenida José Giorgi, passando por trás de áreas como a empresa Firmenich e o Pequeno Cotolengo, até alcançar a região da Avenida Eid Mansur, no Parque São George. Além de melhorar a mobilidade, a obra beneficiaria o empreendimento.
Atualmente, os motoristas que saem da Avenida José Giorgi ou da Avenida Estácio de Sá precisam percorrer um trajeto longo, utilizando o retorno no Km 30 da Raposo Tavares e seguindo até o Km 23. Esse caminho, em horários de pico, pode levar mais de 30 minutos devido ao intenso tráfego. Com a nova avenida, o tempo de deslocamento até o centrinho da Granja seria significativamente reduzido, com previsão de cinco a dez minutos para completar o trajeto.
Enquanto as obras avançam, as reclamações dos moradores também crescem. Eduardo Sousa, granjeiro desde 1977 e morador do condomínio Granja Viana II, enviou uma carta expressando suas preocupações: “desde julho, iniciou-se a infeliz obra na área anteriormente conhecida como Fazenda Cotolengo e a paz nas redondezas acabou. Estamos falando de centenas de famílias nos condomínios próximos. As obras acontecem às 7h da manhã e até mesmo aos sábados até as 17h30, desrespeitando o horário de descanso. Além disso, não houve nenhuma comunicação prévia aos residentes sobre o objetivo e a duração da obra. Infelizmente, a ganância de nossos políticos está acabando com o nosso bairro, e a tendência é de que o trânsito, já caótico, piore, assim como a qualidade de vida dos moradores”.
A Revista Circuito entrou em contato com a Prologis para obter esclarecimentos sobre a obra em Cotia. Abaixo, posicionamento da empresa, em resposta à nossa solicitação:
“Em 2024 a Prologis deu início à construção de um empreendimento logístico em Cotia. O projeto está totalmente em conformidade com as legislações vigentes e recebeu aprovação de todos os órgãos competentes, atendendo também aos requisitos do programa Impacto Zero da Cetesb.”
Por Juliana Martins Machado