Caro senhor superintendente do Departamento de Estradas de Rodagem de São Paulo (DER), certamente não me conhece, mas eu conheço muito bem a empresa que o senhor dirige. Conheço por meio da sua mais antiga obra inacabada, a supercarente, abandonada e rejeitada Rodovia Raposo Tavares. Rodovia que apelidei, há 15 anos, nesta mesma coluna, de Raposo “Travada”.
Aliás, infelizmente, todo santo dia tento trafegar por ela. Uma sensação de raiva, impotência e indignação me domina, assim como a, certamente, mais de 500.00 usuários, diante da negligência do DER em relação ao trecho de 30 quilômetros sob sua administração, entre Cotia e São Paulo.
A Raposo Travada é uma idosa vulnerável, afinal, já tem 94 anos de maus-tratos, e como sua empresa é responsável por esse trecho, proponho uma DR (discutir a relação) com o DER. Nesse trecho, a RT está doente, deprimida, é imprevisível, traiçoeira, cheia de defeitos e está prestes a entrar em processo de falência terminal. Precisa, urgentemente, de uma cirurgia para se recuperar ou nascer de novo.
Por incrível que pareça, a última melhoria, para valer, nesse trecho da RT, ocorreu, quem diria, no governo de Orestes Quércia, há mais de 30 anos, por ocasião da duplicação da mesma.
Já na atual administração, só a instalação de radares evoluiu! Fincaram na nossa veia o cateter das multas, que suga o nosso sangue e não nos dá nada em troca. Para aumentar a sangria, vampirescamente cravaram os dentes na nossa jugular com a Lei do Farol Baixo durante o dia na estrada! Cadê as campanhas de educação? Multas a granel! O que me indigna é a eficiência para arrecadar com multas e a suprema incompetência para realizar as melhorias necessárias. Verbas para radares existem, já para obras, nem pensar, né?
De Cotia para a Granja Viana são apenas nove míseros quilômetros. Atualmente, esse pequeno trecho é cumprido, a partir das 17 horas, em não menos que uma hora! O que dá 6 km/h. Um recorde olímpico! Nos demais horários, o bicho também pega! Tudo por causa dos péssimos acessos aos viadutos do km 26 e, principalmente, do 22,8.
O acesso a esse viaduto, de qualquer sentido, SP/Cotia ou Cotia/SP, é uma obra-prima da desengenharia nacional. Será que os engenheiros do DER não passam por ali? Eles não circulam pela região? Quem foi o gênio que conseguiu tal proeza? Nesse quesito, não podemos deixar de homenagear com o “OSCAR” de melhor obra de desengenharia coadjuvante, por sua inestimável contribuição para os moradores da GV e para o trânsito local! The OSCAR goes to? – Prefeitura Municipal de Cotia! Pelo conjunto da obra na entrada/saída do viaduto e a excelente solução dada ao super-hiper-mega-complexo viário da Av. São Camilo X Rua José Félix de Oliveira, incluindo menção honrosa ao semáforo (o único da Granja) que ora pisca, ora não funciona, num sincronismo espetacular com o descaso! Tais providências adotadas pela equipe da PMC na região conseguiram a proeza de aumentar de cinco para 30 minutos o trecho desde o semáforo burro da Rua José Félix x Av. São Camilo até o famigerado viaduto.
Vamos combinar que não é pouca porcaria! Voltando à Raposo “Travada”, a saga continua. Depois da Granja, em direção a São Paulo, a cada enxadada uma minhoca! Qualquer ignorante em engenharia de tráfego identifica os pontos de estrangulamento. Só os geniais engenheiros do DER não enxergam.
Acessos e saídas em 90 graus, um ângulo absurdo para uma rodovia, sinalização precária, pontos de ônibus em locais inadequados, estreitamentos de pista indevidos, semáforos obsoletos, ausência de viadutos, asfalto desestruturado e excesso de omissão do DER. Sem contar a chegada a São Paulo.
Aí ia bem um prêmio “NOBEL” para o DER/Pref. de São Paulo! Desemboca-se numa das mais congestionadas vias da capital, a Av. Eusébio Matoso. É de matar, mesmo. No mínimo, a RT deveria ter acesso direto às avenidas marginais, e não aos marginais que nos assaltam no congestionamento.
No sentido São Paulo/Cotia, os radares fazem feio, já que a qualquer hora do dia não se ultrapassam os 5 km/h. A pé se chega mais rápido. Taí um bom motivo para o DER se preocupar. Como multar mais? Em breve eles acharão uma solução!
Por Marcos Sá, consultor de mídia impressa, com especialização em jornais, pela Universidade de Stanford, Califórnia, EUA. Atualmente, diretor de Novos Negócios do grupo RAC de Campinas | [email protected]