Era a 50ª viagem de Lawrence Wahba ao Pantanal. Ele só não sabia que presenciaria o início de um dos maiores incêndios da história do bioma. O que parecia ser um grande desastre – e de fato foi – se transformou também na oportunidade de registrar um dos momentos mais difíceis já enfrentados pela maior planície alagada do planeta e chamar atenção do mundo para a necessidade da preservação ambiental. O documentário Jaguareté-Avá: Pantanal em Chamas estreou em 12 de novembro, no Globoplay, quando se comemora Dia do Pantanal.

“O documentário traz minha visão de dentro dos incêndios do Pantanal, daquele cenário de guerra. Mas, também traz a força da corrente que se formou para ajudar o Pantanal, e a contar essa história”, comentou Lawrence Wahba.

Desde a primeira até a última gravação foram 100 horas de material captado. As imagens foram feitas pelo documentarista, mas também por brigadistas, veterinários e voluntários atuantes na região. Miranda, Serra do Amolar, Porto Jofre, Transpantaneira, Parque Nacional do Pantanal e Parque Estadual Encontro das Águas estão retratados no filme.

“Cheguei a ouvir os gritos dos animais. Vi todos eles mortos depois. Dentro de alguns combates em que eu estava junto com os brigadistas, a gente viu animais queimados, morrendo na minha frente. É uma tristeza que não cabe no coração. Como se estivesse pegando fogo na nossa própria casa e os nossos animais de estimação estivessem morrendo na nossa frente”, descreveu o documentarista em entrevista exclusiva ao G1.

Apesar de o filme trazer cenas fortes de destruição, morte e fogo, o documentarista acredita que o foco agora precisa ser na área preservada do bioma, que teve 26% de sua área alagada tomada pelos incêndios. “O que ouço dos cientistas, do pessoal da Embrapa, UFMT, UFMS, e de várias universidades de um grupo que faço parte, e está cheio de especialistas, é que queimou 26% do Pantanal, mas não 74%. Então precisamos cuidar muito bem do que sobrou”, afirma.

Lawrence (foto) ressalta três pontos de atuação importantes, que envolvem uma união de forças, para o combate dos incêndios que devem voltar a ocorrer:

Prevenção: “Isso é feito através de educação ambiental e do manejo integrado do fogo feito com queimadas preventivas supervisionadas pelos órgãos e autorizadas pelos órgãos responsáveis”.

Combate: “Deve ser feito de forma planejada e organizada usando brigadistas locais das comunidades, fazendas, quilombos, aldeias indígenas. Esses brigadistas devem ser bem treinados, equipados e ter uma ação integrada aos órgãos federais, estaduais e municipais para um combate inteligente e com uso eficiente de recursos”.

Punição: “Nossa legislação precisa ser mais severa e as pessoas que fizerem queimadas e perderem o controle delas, sejam acidentais ou principalmente as propositais, devem ser devidamente processadas, julgadas e condenadas dentro da lei”.

Futuro
Mais que um filme sobre o que aconteceu, o documentário tem como objetivo chamar atenção da sociedade para a “urgente necessidade de preservação do bioma”. “O planeta está sendo destruído e não podemos ficar indiferentes a isso”, finaliza Lawrence Wahba.


Relembrando
Em dois agradáveis encontros, foi possível conhecer mais do mundo diferente que este paulista escolheu para si: ficar cara a cara com os animais mais incríveis do planeta e capturar, seja em terra ou na água, imagens que revelam a importância de preservá-los. O resultado foi a entrevista de capa publicada em 2012. “Os animais me ajudaram a ser mais humano” e “A natureza proporciona humildade, e começamos a ver o quanto somos pequenos” foram frases marcantes ditas na época, ocasião em que também contou a razão de ter escolhido a Granja Viana para morar.
Anos depois, Lawrence Wahba foi novamente entrevistado por nossa equipe. Em 13 de outubro de 2020, esse granjeiro de coração, já que morou por mais de 10 anos na região, foi o entrevistado do programa Circuito News, exibido pelo YouTube e Facebook. Acostumado a registrar cenas da beleza de nossa fauna e flora em todo o Brasil, daquela vez ele esteve no Pantanal testemunhando a dura realidade do combate ao fogo, aos incêndios criminosos que há meses vinha destruindo a biodiversidade da região, “cozinhando” e “fritando” animais de todos os tipos e espécies. Durante a entrevista, Wahba fez questão de destacar o trabalho heroico de brigadistas, veterinários e biólogos.


 

Fonte: G1

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