Depois do busto de bronze exposto no Parque São Jorge, o jogador de futebol Wladimir Rodrigues recebe mais uma homenagem. Desta vez, em livro. Wladimir, o capitão da Democracia Corinthiana conta detalhes da carreira do ex-jogador, que há 49 anos estreava como lateral esquerdo do Corinthians e tem o maior número de jogos pelo Timão (806).
O jornalista esportivo Hélio Alcântara, amigo de adolescência e fã do jogador, usa as páginas da obra para contar sobre um jogador que lutou pelos direitos dos atletas, que se posicionava pelo que ele acreditava e que buscou mudanças no futebol.
Traz o movimento Democracia Corinthiana, ocorrido em 81, época em que o Corinthians tinha caído para a segunda divisão pela primeira vez e fez história ao criar uma gestão em que os jogadores também pudessem tomar decisões importantes em conjunto com a direção, por meio do voto igualitário dos membros do clube.
O autor explica que “alguns jogadores como o Wladimir, o Sócrates, o Zé Maria, o Eduardo e depois chegou o Casagrande, entenderam que essa nova gestão poderia iniciar algo diferente no futebol profissional, um trabalho feito em conjunto, com votações para tudo. Com isso, o Corinthians começou a ganhar, ficou 20 jogos invictos, saiu da segunda divisão, voltou para a primeira e conquistou um bicampeonato Paulista – que na época era o principal campeonato brasileiro, junto com o Campeonato Brasileiro”.
O movimento divulgou as eleições de 1982, e para o autor, “é tão importante por coincidir com a luta pelas eleições diretas para presidente. O Brasil vivia uma ditadura militar e a Democracia Corinthiana acabou sendo importante nesse processo de redemocratização. Era futebol, um time de massa, isso influenciou o país”, pontua.
Em entrevista, Alcântara conta como se sente ao documentar a história de Wladimir: “fazer esse livro foi muito difícil, eu fui fazendo porque eu achava que era importante. Wladimir é um cara que enfrentou racismo e enfrenta até hoje, ele foi importante na luta pelos direitos dos jogadores, um cara que se posicionava nas entrevistas, falava o que achava, era uma pessoa que se destacava por ser diferente. Fazer o livro foi muito bom e concluir foi ótimo! Me deu um baita prazer, foi um trabalho muito bom”.
Relembrando
Em junho de 2018, em entrevista exclusiva, o ex-lateral Wladimir explicou como aconteceu a “europeização” do futebol brasileiro, falou da seleção “desconhecida”, de racismo, dos seus planos de sócio em escola de futebol, do amor pelo lugar onde mora e das emoções incontroláveis que acontecem numa partida de futebol. E claro, não poderia deixar de mencionar o Corinthians e sua passagem por lá.