Histórias de Roque Giannetti

Historiador Marcos Martinez escreve sobre histórias de uma Cotia do passado.

Roque Giannetti chegou em Cotia no ano 1938 e ganhou de seu pai, aos 16 anos, uma barbearia na cidade, onde exerceu seu ofício. Entre tantas histórias, uma chama a atenção: contava ele que um belo dia, lá pelos idos de 40, precisava ir a São Paulo para fazer compras para a sua barbearia, mas foi avisado por seu Vermelino, outro antigo morador da cidade, que naquele dia ia chover muito. Desconfiou do conselho e foi para a Capital, pois o céu estava azul, o sol brilhava e nada indicava que pudesse chover. Ao chegar próximo do atual Rancho da Pamonha, o tempo fechou e desabou o maior temporal do mundo. O ônibus encalhou e o Sr. Roque chegou a São Paulo coberto de lama. No final da tarde, chegando a Cotia, quem o estava esperando? O Sr. Vermelino, de maneira mais irônica possível, disse: – Não falei que ia chover?

O Sr. Roque, todo tímido, perguntou: – Mas, como o senhor sabia?

Vermelino, então, perguntou a Roque se ele estava vendo o galo em cima da torre da Igreja da Matriz; ele disse que, quando ele está com o rabo virado para o lado da praça, significa frio e chuva, quando ele está olhando para a praça, o dia é bonito.

 Quem quiser conferir, o galo ainda está no mesmo local.

 Outra história interessante de Roque Giannetti é esta: ele teve que enfrentar o delegado de polícia, que na época tinha praticado algumas arbitrariedades. O delegado chamou várias pessoas para prestarem esclarecimento sobre um certo caso, nada por escrito, tudo verbalmente, e acabou com as pessoas que lá foram. O Sr. Roque, como não compareceu, recebeu uma segunda intimação, agora por escrito. Antes mesmo de o delegado começar a esculachar, ele, com o seu jeito calmo, acabou com o delegado.

 


Marcos Roberto Bueno Martinez é historiador e foi o organizador do projeto Conhecendo Cotia que levava alunos aos pontos históricos do município. Ele também é autor do livro Cotia: Memória & Imagem.

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