“O retorno”. Foi este o título da troca de e mails com a Fazenda Barra Mansa, no Mato Grosso do Sul a 125 kms de Aquidauana às margens do Rio Negro.

Estivemos nesta fazenda há 22 anos atrás, 1 ano após a sua inauguração. Quem cuidava da fazenda na época era o casal João Vitor e Ivone Rondon. Fomos muito bem recebidos por aquele casal de pantaneiros, e hoje tantos anos depois quem encabeça os cuidados do hotel é o filho Guilherme Rondon.

O acesso à fazenda é bastante complicado. De avião, ou por terra, quando possível.

Na nossa primeira viagem chegamos e saímos de avião. Desta vez de caminhonete 4×4.

O visual de avião é esplendoroso formado por um patchwork de matas e lagunas. Já de carro tem-se a exata noção da vida pantaneira.

Por terra precisamos o acompanhamento de um moto-taxi pois o caminho é muito rústico passando por dentro de fazendas e inúmeras porteiras.

É fácil de se perder ou ficar atolado.

Mas, desde os primeiros quilômetros a partir de Aquidauana a variedade de fauna que cruzamos é monstruosa.

Após 3 horas e meia de puro visual pantaneiro chegamos a fazenda com a sensação de que nem precisávamos ficar lá…já estávamos extremamente satisfeitos com que havíamos visto pelo caminho.

Mas, que nada, havia muito ainda a ser visto.

A fazenda nada mudou ao longo destes 22 anos. Pelo, contrário, acho que vimos mais animais e pássaros do que na estadia anterior.

Talvez pela conscientização do pantaneiro na preservação ambiental. Talvez pela imensa seca, pois no ano anterior não chegou a ter a “cheia”, ou talvez pela recente queimada que concentrou os animais em determinadas áreas.

Já viajei por mais de 76 países e posso dizer que poucos lugares me impressionaram tanto, com relação a natureza.

Na Amazônia, talvez pela densidade da floresta quase não vi animais ou pássaros, somente seres rastejantes, como cobrinhas, aranhas e escorpiões.

Na Costa Rica, a fauna silvestre já se apresenta com mais intensidade em todos os ambientes, nos parques e ao longo das estradas.

África do Sul são os grandes animais do Kruger Park, num ambiente bastante controlado onde é proibido sair do carro ou dos caminhos traçados oficiais.

Galápagos sim, é uma exuberância bastante exótica, mas basicamente de animais marinhos, e a fauna é encontrada em lugares determinados onde está o seu habitat.

Mas nada supera o Pantanal.

Aqui a surpresa está em cada curva, que pode aparecer ou não. Depende da sorte. E acho que fomos bem sortudos.

Faltou avistar a onça pintada, mas vimos suas pegadas, bem como da onça parda.

A pesca no rio Negro é farta, no estilo pegar e soltar. Gosto muito de pescar, mas após uma ou duas vezes, me deu um mal estar por estar machucando o bichinho sem motivo algum que parei de pescar….

A hotelaria é excelente, com comida caseira e saborosa. Sempre acompanhada das histórias pitorescas e farto conhecimento pantaneiro do nosso anfitrião Guilherme Rondon.

Só faltou ele dar uma cancha e tocar um pouco para a gente…mais tive vergonha de pedir…

Vou ter que me contentar, e fico muito contente, com a memória auditiva ensurdecedora dos pássaros nos amanheceres e entardeceres da Barra Mansa.

 


Debora Patlajan Marcolin, médica, 62 anos, muito curiosa com relação a diversidade cultural do nosso planeta. Viajo desde que me conheço por gente e tudo me atrai. Desde a minha vizinhança pobre de Carapicuiba até as cerimonias fúnebres de Tana Toraja na Indonésia, passando por paraísos naturais como o pantanal mato-grossense e deserto do Jalapão. Já conheci por volta de 75 países e não paro de projetar novos destinos. Entendo que para se viajar é preciso estar de peito aberto e abandonar todo tipo de preconcepção, que com certeza, a viagem vai te provocar profundas mudanças internas e gosto pela vida. Autora do blog A Minha Viagem.

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